Sustentabilidade

Como a soja sustentável pode impulsionar o agronegócio brasileiro

Luiza Bruscato, diretora executiva global da RTRS, fala sobre os desafios e oportunidades da soja sustentável no Brasil e no mundo.

soja sustentável
Arquivo Pessoal
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O papel da soja sustentável na agricultura global

A soja sustentável tem se tornado um dos temas centrais no agronegócio mundial, especialmente devido às crescentes exigências por rastreabilidade e certificação de produtos agrícolas. O Brasil, como um dos maiores produtores globais da commodity, desempenha um papel essencial nesse contexto. Luiza Bruscato, diretora executiva global da Round Table on Responsible Soy (RTRS), destaca a importância da certificação para garantir a conformidade com padrões ambientais e sociais.

“A certificação não apenas garante práticas responsáveis, mas também traz benefícios financeiros ao produtor, que pode receber um valor adicional por sua soja sustentável”, afirma Luiza.

Com uma trajetória consolidada na área ambiental e no agronegócio, Luiza iniciou sua carreira na área de urbanismo, mas rapidamente percebeu sua vocação para a sustentabilidade no setor agrícola. Sua atuação passou por grandes cooperativas e projetos relevantes até chegar à liderança da RTRS, organização sem fins lucrativos que há 18 anos busca padronizar a certificação de soja responsável em escala global.

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Certificação e desafios da soja sustentável

A certificação da soja sustentável segue critérios rigorosos que vão além da preservação ambiental. Com mais de 108 indicadores, a RTRS avalia aspectos sociais, econômicos e de governança. Um dos principais desafios, segundo Luiza, é estabelecer um padrão único para todos os países produtores, considerando as diferenças regionais de produção.

No Brasil, por exemplo, um pequeno produtor pode ter 10 mil hectares de soja, enquanto na Índia, essa mesma categoria de produtor tem, em média, apenas 10 hectares. Essa disparidade influencia diretamente a adaptação dos padrões globais de sustentabilidade.

A RTRS já certifica mais de 8 milhões de toneladas de soja no mundo, sendo que 6 milhões são provenientes do Brasil, distribuídas entre mais de 320 propriedades rurais. Isso demonstra o potencial do país na liderança da produção sustentável.

Entre as práticas recomendadas para a certificação da soja sustentável, destacam-se:

  • Plantio direto para melhorar a qualidade do solo;
  • Rotação de culturas com milho e algodão;
  • Uso eficiente de insumos agrícolas;
  • Respeito à legislação ambiental e social;
  • Produção com desmatamento zero.

O futuro da soja sustentável e a posição do Brasil no mercado global

O cenário internacional tem exigido cada vez mais transparência e sustentabilidade no comércio de commodities agrícolas. Com a realização da COP30 no Brasil, o país tem uma oportunidade única para se posicionar como referência na produção de soja sustentável.

“Uma das oportunidades do agronegócio brasileiro é investir mais em certificações. Isso garante reconhecimento internacional e abre portas para mercados que pagam melhor por produtos certificados”, ressalta Luiza.

Nos Estados Unidos, por exemplo, praticamente toda a produção de soja já possui certificação, o que fortalece a competitividade do país no mercado global. No Brasil, embora o avanço seja significativo, ainda há muito espaço para crescimento.

A RTRS, considerada a certificação mais rigorosa do mundo segundo estudos recentes, busca ampliar a adesão dos produtores brasileiros. A meta é tornar a certificação cada vez mais acessível, para que mais agricultores possam se beneficiar dos incentivos e das oportunidades que a soja sustentável oferece.

A sustentabilidade na soja não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para garantir a viabilidade econômica, social e ambiental do agronegócio brasileiro. O investimento em práticas responsáveis não só protege o meio ambiente, mas também fortalece a competitividade do Brasil no mercado global.

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