
A cana-de-açúcar é mais que uma cultura agrícola: é tradição, economia, inovação e futuro. Quem nos conta essa trajetória é Mariana Granelli, coordenadora de vendas da Usina Granelli, empresa com mais de seis décadas de atuação que alia o legado familiar às mais modernas tecnologias, como rastreabilidade por blockchain e práticas sustentáveis que fortalecem todo o setor.
Do direito ao campo: a trajetória de Mariana Granelli na cana-de-açúcar
Nascida em Piracicaba (SP), formada em Direito pela PUC Campinas, Mariana Granelli trilhou inicialmente o caminho da área jurídica. Atuou no Tribunal Regional do Trabalho e chegou a ser concursada. Porém, o chamado do campo falou mais alto após a perda de seu avô, quando decidiu voltar às origens e assumir o legado da família no cultivo da cana-de-açúcar.
“Eu descobri o agro como profissão quando voltei para a usina e entendi a magnitude de cada processo da produção. Foi nesse momento que falei: aqui é meu lugar”, lembra Mariana.
Na Usina Granelli, iniciou em funções administrativas, ligadas ao financeiro, mas logo se aproximou da gestão agrícola. Hoje, é responsável pela área comercial, coordenando vendas de açúcar e outros derivados.
Sua história reflete um movimento que tem se tornado cada vez mais comum: mulheres ocupando espaços de liderança e decisão em setores historicamente masculinizados, como o da cana-de-açúcar.
O mercado da cana-de-açúcar: expansão, estabilidade e futuro sustentável
Quando se fala em mercado da cana-de-açúcar, o Brasil é protagonista absoluto. O país é o maior exportador do mundo e encontra nas usinas e produtores a base de um setor consolidado e ao mesmo tempo em constante inovação.
Para Mariana, a cana-de-açúcar é uma cultura estável, segura e estratégica em comparação aos grãos:
- O ciclo produtivo da cana garante rentabilidade a longo prazo (5 a 6 anos até a reforma do canavial);
- O cultivo mantém forte presença em São Paulo, especialmente na região de Piracicaba, e segue avançando para o Norte e Nordeste do Brasil;
- É uma atividade que preserva raízes culturais, ao mesmo tempo em que se abre para tecnologias de ponta.
“O casamento com a cana é diferente de outras culturas. É um compromisso duradouro, que exige resiliência e planejamento”, destaca Mariana.
Além da expansão geográfica, o setor aposta em práticas modernas como a rastreabilidade da cana-de-açúcar via blockchain, compostagem de resíduos, uso de defensivos biológicos e certificações de segurança alimentar. Esses avanços garantem competitividade, transparência e, sobretudo, sustentabilidade.
Sustentabilidade e inovação: como a cana-de-açúcar se reinventa
A sustentabilidade é um dos pilares centrais da cana-de-açúcar. Desde a proibição da queima em 2007, o setor aprendeu a adaptar processos e reduzir impactos, conquistando ganhos produtivos e ambientais.
Na Usina Granelli, práticas como compostagem de subprodutos, fixação de nitrogênio no solo e uso de biológicos já fazem parte da rotina há mais de 10 anos.
Outro destaque é a rastreabilidade, que permite ao consumidor final conhecer todo o percurso do açúcar até chegar ao pacote na gôndola. Essa transparência também se conecta a conceitos de food fraud e food defense, garantindo que o alimento seja seguro e livre de riscos para a saúde.
Para os clientes internacionais, a sustentabilidade social é igualmente importante. Mariana cita um exemplo:
“Recebemos compradores dos Estados Unidos que disseram: ‘Se o transporte dos colaboradores fosse público, não poderíamos comprar de vocês. É preciso oferecer dignidade, assistência médica, refeição e segurança.’ Produzimos com tecnologia, mas acima de tudo, produzimos com pessoas.”
Essa visão integra o futuro do setor: inovação aliada ao cuidado com quem faz a cana-de-açúcar crescer.
A presença feminina na cana-de-açúcar
Embora o setor ainda seja marcado pela predominância masculina, Mariana reconhece avanços significativos na presença de mulheres em cargos de liderança na cana-de-açúcar. Supervisão agrícola, gestão de equipes e funções estratégicas já contam com participação crescente do público feminino.
Ela relembra quando participou de um curso nacional de produtores de cana aos 22 anos, sendo a única mulher entre dezenas de homens com mais de 50:
“No começo, achei que não teria espaço, mas fui acolhida. Mesmo em um mercado masculinizado, encontrei portas abertas e oportunidades de aprendizado.”
Para ela, o recado é claro: o setor não é apenas sobre homens ou mulheres, mas sobre pessoas preparadas para os desafios da gestão, inovação e sustentabilidade.
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