A revolução dos bioinsumos no agronegócio tem ganhado cada vez mais destaque e encontra em Mariangela Hungria uma de suas maiores protagonistas. Considerada uma das cientistas mais importantes do mundo na área, ela conquistou recentemente o World Food Prize — o maior reconhecimento internacional do setor, conhecido como o “Nobel da Agricultura”. Com mais de 40 anos de carreira, Mariangela revolucionou o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio, que hoje geram economia bilionária ao Brasil e contribuem para a preservação ambiental.
Nascida em Itapetininga (SP), sua paixão pela ciência começou ainda na infância, inspirada pela avó professora e por um livro de microbiologia lido aos oito anos de idade. Desde então, Mariangela traçou um caminho marcado pela pesquisa, pela inovação e por um olhar voltado à sustentabilidade.
“Se conseguirmos inspirar uma só mulher com a nossa trajetória, já vale a pena”, destacou em sua entrevista ao programa A Protagonista.
A revolução dos bioinsumos no agronegócio e seus impactos
Falar sobre a revolução dos bioinsumos no agronegócio é compreender como a ciência brasileira conseguiu unir produtividade, preservação ambiental e economia para o produtor rural. Ao longo de quatro décadas na Embrapa, Mariangela dedicou-se a desenvolver tecnologias que permitissem substituir parte dos fertilizantes químicos por soluções biológicas, principalmente por meio da fixação biológica do nitrogênio.
Esse processo consiste no uso de bactérias capazes de transformar o nitrogênio presente no ar em nutrientes disponíveis para as plantas. Na prática, o resultado é duplo: menos gastos com fertilizantes e menos emissão de gases de efeito estufa. Apenas na última safra de soja, os bioinsumos representaram uma economia de 25 bilhões de dólares em fertilizantes nitrogenados e evitaram a emissão de 250 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.
Para Mariangela, o Brasil tem um papel estratégico nessa nova fase do agronegócio sustentável. O país é líder mundial no uso de biológicos, mas ainda há espaço para avançar.
“Hoje, os bioinsumos representam 10 a 15% do mercado em relação aos químicos. Nós podemos chegar a 50 ou até 60% com o conhecimento que já temos”, explicou.
Essa transformação, chamada por ela de “micro revolução verde”, reposiciona o Brasil como referência global em agricultura sustentável e reforça o protagonismo da ciência nacional.
Agricultura regenerativa e o protagonismo feminino na ciência
A revolução dos bioinsumos no agronegócio abre caminho também para uma agricultura regenerativa. Mais do que sustentar a produtividade, o foco está em recuperar solos degradados, preservar recursos naturais e garantir que a produção agrícola esteja alinhada às exigências internacionais de sustentabilidade.
Entre os próximos passos de sua carreira, Mariangela tem como prioridade ampliar os estudos para a recuperação de pastagens degradadas área que representa mais de 60% das terras brasileiras destinadas à pecuária. O objetivo é devolver vida ao solo, unindo biológicos e técnicas inovadoras.
Mas sua contribuição vai além da pesquisa. Mariangela também atua como defensora do protagonismo feminino no agro e na ciência. Ao longo da carreira, enfrentou preconceitos por ser mulher em um ambiente dominado por homens, mas encontrou apoio em outras mulheres que acreditaram em seu potencial.
“Recebi muitas críticas e ouvi inúmeros ‘nãos’. Mas aprendi que eles devem nos fortalecer e não nos derrubar. As mulheres podem ser o que quiserem”, afirmou.
Sua trajetória é prova de que abrir caminhos para outras mulheres é essencial para construir um setor mais justo e inovador.
O legado da revolução dos bioinsumos no agronegócio
A história de Mariangela Hungria mostra que a revolução dos bioinsumos no agronegócio não é apenas uma mudança tecnológica, mas também cultural e social. Seu trabalho representa:
- Inovação científica: uso de microrganismos que substituem fertilizantes químicos.
- Sustentabilidade ambiental: redução significativa de gases de efeito estufa.
- Impacto econômico: bilhões de dólares economizados em insumos agrícolas.
- Protagonismo feminino: inspiração para outras mulheres seguirem na ciência e no agronegócio.
- Agricultura regenerativa: recuperação de solos e pastagens degradadas.
Esse legado mostra que ciência, sustentabilidade e inclusão caminham lado a lado para garantir um futuro melhor no campo.
Conclusão
A revolução dos bioinsumos no agronegócio, liderada por cientistas como Mariangela Hungria, representa um marco na produção de alimentos, na preservação do meio ambiente e na valorização das mulheres do agro. Seu trabalho não apenas fortalece o Brasil como potência agrícola sustentável, mas também inspira novas gerações a acreditar na ciência e no protagonismo feminino.
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