Informar o agro é mais do que relatar safras, preços ou previsões do tempo: é traduzir a vida no campo para a compreensão de todos e dar voz a quem alimenta o mundo. Essa é a missão da jornalista Michelle Jardim, protagonista desta entrevista que destaca a importância da comunicação no agronegócio e o papel de quem conecta a produção rural com a sociedade.
Natural de Campinas e apaixonada pelo campo, Michelle Jardim encontrou no Canal Rural o espaço ideal para unir sua paixão pelo jornalismo e suas raízes familiares ligadas à produção rural. Formada em jornalismo, com passagem por rádio e veículos de notícias factuais, ela viu no agro a chance de contar histórias que emocionam e transformam.
“Sempre quis fazer algo de coração. O jornalismo para mim é paixão, eu não saberia fazer outra coisa”, afirma.
Informar o agro é traduzir histórias do campo para o mundo
Ao longo da carreira, Michelle percorreu diferentes regiões do Brasil para mostrar a força e os desafios da produção. Em projetos como o Planeta Campo, ela vivenciou de perto os biomas nacionais e se encantou especialmente com a Caatinga, onde conheceu produtores resilientes que transformam a aridez em vida.
“Produzir em um bioma que fica meses sem água não é para amadores, é para guerreiros”, relembra a jornalista.
Essa experiência reforçou sua percepção de que informar o agro é também revelar a força, a criatividade e a sustentabilidade presentes no campo brasileiro.
De acordo com Michelle, um dos maiores desafios é justamente aproximar a cidade da realidade rural. Muitas críticas ao setor, segundo ela, surgem de quem nunca esteve em uma propriedade agrícola e desconhece o cuidado e a responsabilidade dos produtores com a sustentabilidade. Nesse sentido, o jornalismo se torna uma ponte essencial.
Os pilares de informar o agro, segundo Michelle Jardim
- Traduzir a linguagem do campo para o público urbano;
- Mostrar o trabalho sustentável que já faz parte da produção rural;
- Valorizar o papel do produtor como protagonista da alimentação mundial;
- Dar visibilidade às soluções de inovação e bioeconomia;
- Conectar Brasil e mundo em pautas globais, como nas COPs do clima.
O papel do jornalismo em dar voz às mulheres e ao futuro do agro
Outro ponto abordado por Michelle é a presença feminina no agronegócio. Embora ela nunca tenha sentido barreiras pessoais por ser mulher, reconhece que muitas produtoras ainda enfrentam preconceito em um setor tradicionalista.
Ela recorda o relato de uma agricultora que ouviu que “seu lugar era no tanque e não na produção”, mesmo sendo uma profissional altamente qualificada e comprometida com a sustentabilidade. Para Michelle, histórias como essa mostram o quanto é importante informar o agro também pelo viés do protagonismo feminino.
Ao mesmo tempo, a jornalista reforça que é fundamental que o setor se posicione diante do mundo, especialmente em eventos globais como as Conferências da ONU sobre Clima (COPs). Para ela, o Brasil tem potencial para ser vitrine de sustentabilidade, já que práticas como o plantio direto, comuns no país, são reconhecidas internacionalmente como soluções ambientais.
“Eu acredito que 95% dos produtores rurais brasileiros já são sustentáveis por essência, mesmo sem saber que suas práticas se enquadram nesse conceito”, destaca.
Um agro que comunica mais e se cala menos
O trabalho de Michelle Jardim reflete uma mudança importante: o agro tem aprendido a se comunicar melhor, a mostrar suas práticas e a dar voz ao produtor. Para ela, o silêncio do setor no passado abriu espaço para críticas injustas, mas o futuro aponta para uma comunicação mais clara e eficiente.
Informar o agro, portanto, é missão contínua seja no campo, nas cidades ou nos grandes palcos internacionais. É contar histórias reais, valorizar protagonistas invisíveis e mostrar ao mundo que o Brasil que planta também preserva, inova e transforma.
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