A história da carne sustentável no Brasil ganhou novos rumos com o protagonismo feminino de Amália Sechis, fundadora da Beef Passion. Ex-vegetariana, advogada de formação e artista nas horas vagas, Amália nasceu em Nhandeara, interior de São Paulo, e encontrou no agro não apenas um caminho profissional, mas seu verdadeiro propósito de vida.
Hoje, à frente de uma das marcas pioneiras em carne sustentável no país, Amália é um exemplo de liderança, sensibilidade e visão empreendedora. Seu nome já é sinônimo de carne sustentável de qualidade — e a jornada até aqui revela uma transformação profunda, que une ética, inovação e consciência ambiental.
Como uma ex-vegetariana virou referência em carne sustentável
A virada de chave na vida de Amália Sechis aconteceu quando ela decidiu investigar por conta própria a origem e o processo da carne produzida no Brasil.
“A informação que a gente recebe muitas vezes é distorcida. Quando entendi de perto como funcionava a produção, percebi que muito do que eu acreditava não era verdade”, afirma.
A partir dessa descoberta, ela decidiu criar a Beef Passion, com o objetivo de oferecer um produto diferenciado, baseado em práticas éticas, respeito ao bem-estar animal e sustentabilidade. E foi exatamente esse tripé — ambiental, social e trabalhista — que moldou o DNA da empresa, tornando a carne sustentável mais do que um nicho: uma missão.
Carne sustentável na prática: tecnologia, respeito e transformação
A carne sustentável que sai da Beef Passion não se limita ao discurso. A empresa adota mais de 130 critérios alternativos da Rainforest Alliance, que envolvem:
- Manejo humanizado: sem uso de objetos agressivos e com estímulos que reduzem o estresse animal, como bolas e música ambiente.
- Abate insensibilizado: garantindo zero desconforto para o animal.
- Conforto térmico e nutrição personalizada: para assegurar bem-estar e qualidade do produto.
- Preservação ambiental: com proteção de nascentes e reaproveitamento de resíduos.
- Responsabilidade social: todos os funcionários têm carteira assinada, e seus filhos estão matriculados em escolas.
Mais do que escalar a produção, o foco está em dar valor ao boi “de cabo a rabo”. Cortes antes vistos como descartáveis agora se transformam em produtos nobres: caldo de osso, bacon 100% bovino e até manteiga feita a partir da banha, resgatando práticas tradicionais com um toque de inovação.
“Quando você entende que é possível produzir com ética e respeito, tudo muda”, resume Amália.
Desafios do mercado e o papel da comunicação na valorização da carne sustentável
Mesmo com os avanços, o mercado da carne sustentável ainda enfrenta desafios. O maior deles, segundo Amália, é escalar a produção mantendo a qualidade. Isso exige um consumidor mais consciente — disposto a pagar pelo valor agregado, e não apenas pelo preço.
“Ainda é um nicho pequeno. O Brasil tem abundância de carne, mas pouca valorização da história por trás dela. É preciso mudar a cultura”, diz.
E essa transformação começa com comunicação: contar a história por trás da carne sustentável é o que, segundo Amália, faz toda a diferença no ponto de venda.
Principais desafios para expandir a carne sustentável no Brasil:
- Falta de consciência do consumidor sobre boas práticas produtivas
- Necessidade de unir produtores em torno de padrões sustentáveis
- Barreiras de preço comparado à carne comum
- Dificuldade de escalar mantendo qualidade e responsabilidade
- Comunicação ineficaz sobre os diferenciais do produto
A COP 30, que acontecerá em breve no Brasil, representa uma oportunidade única de posicionar a carne sustentável como protagonista mundial — e Amália acredita que o agro precisa estar pronto.
“A comunicação é tudo. O mundo vai estar olhando para o Brasil e temos que mostrar como podemos fazer diferente”, afirma.
Protagonismo feminino e o futuro da carne sustentável
Amália também destaca que ser mulher em um setor ainda majoritariamente masculino é um desafio, mas também uma vantagem.
“Acredito que nós mulheres temos uma sensibilidade diferente para olhar para os detalhes. Isso fez diferença no projeto da Beef Passion”, diz.
Hoje, Amália inspira outras mulheres e produtores a adotarem práticas que respeitem os animais, a natureza e as pessoas envolvidas no processo. Para ela, a carne sustentável não é apenas uma tendência — é uma necessidade urgente e um novo padrão que pode transformar o agronegócio.
“Não se trata do que você faz, mas de como você faz.”
A trajetória de Amália Sechis mostra que é possível transformar crenças, unir propósito ao negócio e criar um produto de impacto. Sua carne sustentável prova que o futuro do agro pode — e deve — ser mais ético, consciente e liderado por mulheres protagonistas.
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