Bem-estar animal é o futuro da pecuária
Bem-estar animal é o futuro da pecuária. É com essa certeza que Paula Maria Silvestre Prado, psicóloga de formação e pecuarista por missão, tem conduzido sua fazenda no interior de Goiás. Natural de São Paulo e filha de pecuarista, ela encontrou no campo não apenas um legado familiar, mas uma nova forma de cuidar — agora dos animais, com a mesma dedicação com que cuidava de pessoas.
Casada há 28 anos e mãe de uma advogada, Paula é movida por disciplina. O protagonismo feminino no campo é para ela uma questão de identidade.
“Esperar não é uma opção para quem veio ao mundo para transformar”, afirma com convicção.
Após 27 anos de carreira em Recursos Humanos, assumiu a gestão da propriedade rural herdada do pai. Sem formação técnica em zootecnia ou veterinária, Paula mergulhou em mentorias e estudos para entender a fundo o manejo pecuário, e encontrou no bem-estar animal um pilar inegociável de sua atuação no agro.
“Se faz bem para o meu animal, faz bem para o peão, faz bem para o consumidor”, diz Paula.
Como práticas simples de bem-estar animal transformaram sua fazenda
Ao iniciar sua jornada no agro, Paula se deparou com uma produção tradicional, voltada apenas para o resultado final. Mas, com a escuta atenta da equipe e o olhar técnico aprendido em mentorias, ela entendeu que o comportamento dos animais e a relação entre eles e os humanos poderiam ser otimizados com ações simples e eficazes.
Veja algumas das mudanças adotadas por Paula que não exigiram grandes investimentos:
- Fim do uso de esporas, ferrões e choques no manejo;
- Treinamento da equipe com foco em respeito e confiança;
- Descanso dos cavalos em locais sombreados e próximos a fontes naturais de água;
- Criação da “escolinha” de bezerros, para adaptação ao curral e ao manejo desde cedo;
- Massagem nos recém-nascidos durante o cuidado inicial;
- Implantação de bebedouros com água de qualidade e controle constante dos filtros.
Essas práticas não apenas melhoraram o comportamento dos animais como também impactaram diretamente os resultados financeiros da fazenda.
“Um animal calmo gasta menos energia, ganha mais peso e tem uma carne de melhor qualidade”, explica a pecuarista.
A importância do bem-estar animal na produtividade e na imagem do agro
O impacto do bem-estar animal vai além da tranquilidade dos rebanhos. Ele se reflete diretamente na produtividade. Animais que vivem em ambientes com sombra, água de qualidade e manejo respeitoso têm melhor desempenho metabólico, menor estresse e, portanto, maior ganho de peso. Além disso, evitam hematomas e lesões que prejudicam a qualidade da carne no abate.
Paula também destaca a importância de alinhar valores com sua equipe. Para ela, só é possível transformar a realidade da fazenda quando os colaboradores compram a ideia e passam a entender que todos ganham com o manejo humanizado.
Além da melhora no desempenho animal, a mudança de mentalidade reverbera nas famílias dos trabalhadores, nas relações interpessoais e na valorização do próprio trabalho.
“É uma relação ganha-ganha”, afirma Paula. “Não posso querer ganhar sozinha se o meu produto passa por tantas mãos até chegar ao prato do consumidor.”
Ela acredita que a mulher tem um papel fundamental nesse processo de transformação:
“Temos firmeza, mas também acolhimento. Conseguimos liderar com afeto, e isso muda tudo no dia a dia da fazenda.”
Dica para outras mulheres do agro
Para mulheres que estão entrando ou assumindo a gestão de propriedades rurais, Paula deixa um conselho direto:
“Não queira imitar o modelo masculino. Use sua sensibilidade, sua escuta, sua capacidade de integrar. Traga sua essência para dentro da porteira.”
Mesmo enfrentando preconceitos por ser mulher, vinda da cidade e presente na fazenda a cada 40 ou 50 dias, Paula mostra que é possível liderar com autenticidade e gerar resultados consistentes.
Seu exemplo reforça que bem-estar animal é mais do que uma prática, é uma filosofia de trabalho que envolve valores, respeito e visão de longo prazo. E que o protagonismo feminino tem tudo a ver com essa nova forma de produzir — mais sustentável, mais consciente e mais humana.
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