GESTÃO DE RISCO

Seguro de animais é proteção para o produtor, diz dona da maior corretora especializada do país

Karen Matieli, proprietária da Denner Seguro de Animais, conta como a ferramenta pode garantir a segurança do investimento no campo

Karen Matieli, da Denner Seguro Animal
Foto: acervo pessoal

Proteger o rebanho e, ao mesmo tempo, assegurar o investimento no campo é um desafio para muitos produtores rurais. Ainda pouco conhecido entre os pecuaristas brasileiros, o seguro de animais tem ganhado espaço como uma importante ferramenta de estabilidade e gestão de risco no agronegócio. Para entender melhor como ele funciona e quais são as suas vantagens, o programa A Protagonista recebeu Karen Matieli, proprietária da Denner Seguro de Animais, a maior corretora especializada do país.

Natural de Sorocaba (SP) e formada em farmácia, Karen encontrou no agronegócio um caminho inesperado. Sua trajetória começou quando o filho, então com oito anos, começou a praticar hipismo em Araras (SP).

“Um dia, o dono da hípica me pediu para fazer o seguro dos cavalos. Eu nem sabia que isso existia. Foi essa simples pergunta que mudou toda a minha história”, relembra.

Na época, sua corretora trabalhava apenas com seguros de vida e empresariais, mas a curiosidade e o olhar atento ao novo fizeram Karen mergulhar em um mercado praticamente inexplorado no Brasil. Desde então, ela se tornou referência nacional em seguros pecuários, criando produtos inovadores e firmando parcerias com seguradoras multinacionais.

“O seguro de animais ainda é um produto novo no Brasil. Enquanto em outros países ele já é consolidadoaqui nós ainda estamos engatinhando”, afirma.

Como funciona o seguro pecuário

O seguro pode ser contratado para diferentes espécies — bovinos, suínos, aves e equinos — e é ajustado conforme o tipo de atividade e o valor agregado dos animais.
“No caso da bovinocultura, por exemplo, é possível garantir rebanhos de corte, de leite e também os de genética, que exigem atenção especial devido ao alto valor de investimento”, afirma Karen.

As coberturas incluem desde morte acidental ou por doença, até casos de picada de cobra, raio, insolação, aborto, parto e até eutanásia por razões humanitárias. Além disso, o seguro pode abranger toda a estrutura da fazenda, como barracões, confinamentos e equipamentos, garantindo uma proteção mais completa.

“Quando apresentamos uma proposta ao produtor, não falamos apenas de proteger o gado, mas de oferecer uma gestão de risco para toda a propriedade”, detalha a empresária.

Custos e fatores que influenciam

O valor do seguro varia conforme a espécie, a finalidade do animal e as condições da propriedade. “É muito individualizado. Consideramos o índice de mortalidade, a raça, o sistema de criação e a produtividade. Quanto menor a mortalidade, melhores são as condições oferecidas pela seguradora”, afirma.

Karen cita como exemplo o caso de um touro adquirido em leilão por R$ 100 mil: o custo médio do seguro é de cerca de 4,5% do valor do animal por ano, o que garante cobertura em caso de morte, acidente, doença ou perda de função reprodutiva — uma das modalidades mais procuradas pelos criadores de genética.
Falta de informação ainda é barreira

Apesar dos benefícios, Karen aponta que o principal desafio para a expansão desse mercado ainda é a falta de informação.

“O produtor rural vive uma rotina intensa, muitas vezes sem tempo para buscar novidades. Ele ainda vê o seguro como algo distante, mas é uma ferramenta essencial de estabilidade, principalmente diante de tantos imprevistos no campo”, destaca.

Para ela, programas como A Protagonista e veículos especializados têm papel fundamental a disseminação desse conhecimento. “Quando mostramos casos reais e explicamos o funcionamento de forma prática, o produtor passa a entender o quanto o seguro pode contribuir com o seu negócio”, reforça.