Compreender o clima é crucial para otimizar plantios, irrigação e colheitas, além de mitigar riscos relacionados a eventos extremos como secas e tempestades. Isso não só melhora a produtividade e a sustentabilidade das práticas agrícolas, mas também aumenta a resiliência dos produtores diante das mudanças climáticas, garantindo a segurança alimentar e a viabilidade econômica das comunidades rurais.
Para explicar mais sobre o assunto, o programa A protagonista conversou com Mariana Vasconcelos, idealizadora de uma startup que hoje é a maior rede de dados de agricultura da América Latina e leva a inteligência climática para os produtores rurais. Acompanhe a entrevista.
Inovação no Campo: Conheça a Trajetória de Mariana Vasconelos
Mariana da Silva Vasconcelos, nascida em Tajubá, Minas Gerais, é uma administradora dedicada e influente no setor agro. Atualmente, trabalha na Agrosmart e é conselheira em quatro ONGs: ICA, Fundação ECOM, Mais ForLab e Thought For Food Foundation. Também atua na comissão de segurança alimentar da Cof Anan Foundation e participa de grupos sobre a regulação ambiental. Apaixonada por dançar e andar a cavalo, a empreendedora cria manga larga marchador e se define pela determinação. Ela se inspira no impacto positivo na vida das pessoas, no meio ambiente e nas mulheres fortes que superam desafios e compartilham seu crescimento.
Como uma jovem mulher na agropecuária e já com uma startup, conte-nos como você entrou nesse universo. Sua família já era do agro? “Minha família é produtora rural no sul de Minas Gerais. Cresci no campo, mas meu pai sempre dizia que eu devia buscar algo a mais, algo melhor pro meu futuro, e estudar. Nunca foi fácil para mim, pois eu era menina e o esperado era que eu não tocasse a fazenda. Então, fui estudar e acabei me envolvendo muito com tecnologia, trabalhando com Inteligência Artificial e Internet das Coisas, conectando sensores e máquinas na indústria. Em determinado momento, pensei: por que não fazer isso para o agro, que tinha tanta importância para mim pessoalmente, mas também como o Brasil sendo protagonista na produção de alimentos global?”
Transformação Digital na Agricultura
E foi aí que você identificou uma dor do mercado e começou a trabalhar em cima dela? “Exatamente, essa dor era como tomar melhores decisões no campo. Meu pai confiava muito na intuição, no que sempre foi feito. Mas, num contexto em que tudo muda rapidamente, com o clima mudando cada vez mais, o que sabíamos fazer não era mais suficiente. Como ter dados para aprender cada vez mais e tomar melhores decisões?”
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Conte-nos um pouquinho sobre sua startup. Como a inteligência climática ajuda os produtores rurais a otimizar seus cronogramas de plantio e colheita? “Tudo na agricultura depende das condições de clima e solo que definem o sucesso da planta em prosperar. Quando monitoramos o microclima, as condições daquele ambiente – quanto choveu, a umidade do solo, como está o vento, a exposição à luz –, conseguimos dar à planta o que ela precisa. Monitoramos isso em tempo real, seja com sensores instalados na propriedade, estações meteorológicas, equipamentos digitais, sensores de solo, mas também com a combinação de milhares de produtores rurais que trabalham conosco. Já atendemos mais de 100 mil produtores na América Latina, ajudando a definir o momento ideal para plantio, pulverização, irrigação, avaliar o risco de doença, geada, e até o momento ideal para colheita. Tudo que envolve gestão agronômica influenciada pelo clima dentro da porteira.”
Crescimento e Futuro da Agrosmart
E o número de clientes cresce a cada ano? “Sim, crescemos uma média de 70% ao ano desde que começamos. Esse número é crescente. A pandemia teve um papel importante na digitalização, pois antes estávamos com os produtores mais inovadores, os primeiros a acreditar e testar. Agora estamos cruzando para o mercado de massa, tanto pela digitalização forçada pela pandemia quanto pela pressão de regulação ambiental, carbono e desmatamento, que aumentam a demanda por transparência no agro.”
Incrível. O que você pensa para o futuro da Agrosmart? “Acredito que o Brasil será não só um grande provedor de alimentos, mas também um fornecedor de tecnologia para o agro e de serviços ambientais, com uma agricultura mais resiliente, mitigando impactos e ajudando o produtor a se adaptar. Estamos muito focados nisso.”
Perspectivas para o Agro
Muito interessante. A digitalização é fundamental para o futuro do campo, permitindo que o Brasil seja cada vez mais protagonista na produção de alimentos. Você acredita nisso? “Com certeza. Acredito que o Brasil será um grande provedor de alimentos e tecnologia para o agro. Também seremos líderes em serviços ambientais, com uma agricultura mais resiliente, ajudando os produtores a responder aos desafios climáticos.”
Para finalizar nosso programa, temos uma nuvem de palavras. Escolha uma e deixe um recado para quem está assistindo. “Escolho ‘empreendedorismo’. Tem muito a ver com ser protagonista da própria história, fazer as coisas acontecerem, e com a resiliência necessária para enfrentar os desafios climáticos e da jornada empreendedora. E também ‘liderança’, que não depende de ter um negócio. Todos podemos ser líderes vivendo nossos valores e convidando outros a fazerem o mesmo, especialmente no caso da sustentabilidade.”
