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Violência contra a mulher no campo: desafios e ações para superação

A Lei Maria da Penha, que completou 18 anos, e a Lei do Feminicídio, vigente desde 2015, foram divisores de águas no combate à violência contra a mulher.

Violência contra a mulher no campo: desafios e ações para superação

O campo, ambiente tradicionalmente associado à força e resiliência, esconde uma dura realidade para muitas mulheres. A violência doméstica, uma questão que assola mulheres em diversas áreas, apresenta desafios particulares no ambiente rural. No entanto, iniciativas como o “Agosto Lilás” buscam lançar luz sobre o problema, promovendo conscientização e políticas públicas.

Em entrevista, Cândida Ferreira, Secretária Municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Jaú, destaca a importância deste mês e a necessidade de mapear e combater a violência contra as mulheres, especialmente no meio rural.

Agosto Lilás e os avanços legais

O mês de agosto, conhecido como “Agosto Lilás“, marca o aniversário de importantes legislações que protegem as mulheres. A Lei Maria da Penha, que completou 18 anos, e a Lei do Feminicídio, vigente desde 2015, foram divisores de águas no combate à violência contra a mulher. Ambas visam mapear, reconhecer e punir agressões, permitindo o desenvolvimento de políticas públicas específicas.

Cândida ressalta que a violência contra as mulheres do campo é subnotificada, muitas vezes por falta de um mapeamento adequado. Em alguns estados, boletins de ocorrência não especificam a origem rural das vítimas, dificultando ações direcionadas e o desenvolvimento de políticas eficazes.

Os tipos de violência contra a mulher

A violência doméstica assume várias formas, além da física. Cândida explica que a violência psicológica é uma das mais invisíveis, porém devastadoras, causando adoecimento emocional e isolamento. Mulheres, especialmente no meio rural, muitas vezes não se reconhecem como vítimas dessa violência, o que dificulta o pedido de ajuda.

A violência sexual, que também pode ocorrer dentro de casa, é outra forma grave que, segundo Cândida, muitas mulheres não reconhecem por conta de raízes culturais e normas sociais que ainda perpetuam o silêncio em torno desse tipo de abuso.

O acesso à justiça e as dificuldades no campo

O isolamento geográfico das áreas rurais também torna mais difícil para as mulheres acessarem serviços de apoio, como delegacias e tribunais. Cândida defende que o poder público precisa estar mais presente nas áreas rurais, oferecendo mecanismos de proteção e conscientização. Iniciativas como veículos móveis, que levam informação e suporte às mulheres do campo, são um exemplo de como alcançar essas populações distantes.

A importância da conscientização

O trabalho de conscientização é fundamental. Cândida destaca que o empoderamento e a união entre as mulheres são formas de combater a violência, criando redes de apoio e solidariedade. Ela acredita que, ao promover a conscientização, mais mulheres se sentirão encorajadas a denunciar e buscar apoio, como tem acontecido em Jaú, onde o número de denúncias aumentou significativamente nos últimos anos.

A violência contra a mulher, especialmente no campo, exige esforços conjuntos entre poder público, sociedade civil e redes de apoio comunitário. A conscientização e a implementação de políticas públicas são ferramentas essenciais para mudar essa realidade, garantindo proteção e justiça para todas.