A suinocultura brasileira passou por transformações profundas nas últimas décadas. A especialista Dra. Maria Nazaré Lisboa, uma das primeiras mulheres a atuar no setor, esteve presente em cada fase dessa evolução. ]
Nascida em Jaboatão, Pernambuco, sua paixão pelo campo e pela medicina veterinária a levou a enfrentar desafios e a buscar oportunidades fora de sua cidade natal. Formada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, fez parte de uma geração de mulheres que desbravaram territórios historicamente dominados por homens.
Determinada e disciplinada, se destacou como consultora na área de produção e sanidade suína, especializando-se na melhoria genética e no bem-estar dos animais. Além de sua formação no Brasil, concluiu doutorado na Universidade de Múrcia, na Espanha, em 2019, e hoje atua como referência no setor, com uma trajetória marcada pela superação e pelo sucesso.
Quatro décadas de mudanças na suinocultura
Em entrevista ao programa A Protagonista, Nazaré relembra sua formação em veterinária e as primeiras experiências no campo, começando com estágios em granjas do interior de São Paulo. Ao longo de quatro décadas, ela testemunhou uma evolução notável na suinocultura brasileira e global. “Quando comecei, uma porca desmamava cerca de 18 leitões por ano. Hoje, falamos em 36 a 40 leitões, algo impensável no passado”, destaca.
Esse avanço foi impulsionado, em grande parte, pela evolução genética, que trouxe não só maior produtividade, mas também melhor desempenho reprodutivo e habilidades maternas aprimoradas nas porcas. Segundo Nazaré, a protagonista da granja é a porca. “Cuida da porca, que ela cuida dos leitões. A genética nos deu uma fêmea extremamente materna, com instintos de cuidado que garantem a sobrevivência e o desenvolvimento dos filhotes.”
A importância do manejo especializado
A geneticista reforça, porém, que o progresso genético só tem valor se for acompanhado por uma adaptação do manejo nas granjas. Para maximizar o potencial das novas linhagens de porcos, é essencial ajustar as práticas de manejo, alimentação de precisão e garantir o conforto térmico e ambiental dos animais. Nazaré ressalta que, com a evolução genética, surgiram demandas mais exigentes para os criadores, que precisam se atentar a detalhes de alimentação e sanidade animal, além de capacitar as equipes de manejo.
“Precisamos evoluir o sistema de produção junto com a genética. O conforto e as condições de adaptação das porcas influenciam diretamente no aproveitamento do seu potencial genético”, explica. A suinocultura moderna exige uma abordagem integrada, combinando avanços tecnológicos com boas práticas de manejo para alcançar os resultados desejados.
Superação e motivação no setor
Ao final da entrevista, a protagonista foi convidada a escolher uma palavra para definir sua trajetória e deixou uma mensagem inspiradora: “Superação. É preciso ter um sonho, e quando você sonha, supera os obstáculos. A realização vem com o esforço e a dedicação.”
Dra. Nazaré Lisboa continua sendo uma figura de grande relevância para a suinocultura no Brasil, ajudando o setor a avançar, sempre com os olhos no futuro e na inovação. Sua história é um exemplo de perseverança e paixão pelo que faz, servindo de inspiração para novas gerações de profissionais do agro.