PROPOSITO E AÇÕES

Talita Cury: Pioneirismo e Liderança Feminina no Agro Brasileiro

Talita Cury, CEO do Grupo Santa Clara, foi a entrevistada especial do programa A protagonista durante evento GAFFFF.

Talita Cury: Pioneirismo e Liderança Feminina no Agro Brasileiro

No cenário do agronegócio brasileiro, um nome se destaca não apenas pela competência, mas pelo comprometimento com a inclusão e o progresso: Talita Cury, CEO do Grupo Santa Clara. Com quase duas décadas de dedicação ao setor, Talita não apenas lidera, mas inspira outras mulheres a trilharem caminhos de sucesso em um ambiente historicamente dominado por homens.

Jaqueline Silva, apresentadora do programa A Protagonista – especial GAFFFF conversou com a produtora rural e empresária. Acompanhe agora a íntegra da entrevista.

Jaqueline Silva: Como é que foi esse seu início? Quantos anos você veio para estar à frente do negócio?

Talita Cury: Primeiro, obrigada pelo convite. É um prazer estar aqui nesse programa. Parabéns pela iniciativa e por este espaço maravilhoso que é o GAFFFF, o maior festival Agro do mundo. Estou muito contente de estar aqui representando o grupo Santa Clara.

Falando sobre liderança feminina dentro do Agro, especificamente, nesse programa é um prazer, e eu sinto um orgulho muito grande de estar há quase 20 anos. Eu falo oficialmente 15, mas oficialmente 20, eu completei 40 anos semana passada. E realmente foi assim, a gente desbravou né, as matas virgens do Agro feminino no Brasil. Mas que a gente tá plantando uma sementinha para que outras mulheres que estão vindo aí nas próximas gerações possam colher esses frutos e a gente não precise mais discutir sobre Equidade de gênero, especialmente no segmento do Agro.

Jaqueline Silva: E é nesse segmento dentro do Agro, porque quando a gente fala da protagonista, a gente fala de todo o setor, de toda a cadeia dentro dos defensivos, né? Talita, ainda é muito pequeno o número de mulheres na liderança, menos ainda, né?

Talita Cury: Exatamente. O nosso segmento da área de fertilizantes especiais, de biodefensivos e defensivos, a indústria em si, ela de todo Agro, eu acredito que seja ainda o mais masculinizado nos dias de hoje. E eu venho para representar esse nicho, esse setor que é tão importante dentro da cadeia do Agro, trazendo, eu falo, não o feminismo, mas a feminilidade. Eu acho que, como qualquer relação humana, as mulheres complementam os homens. E é nisso, trazendo a mulher na tomada de decisão, eu como conselheira de administração e relações institucionais do grupo Santa Clara, eu vi o quanto trazer esse perfil para dentro da questão estratégica dos negócios do grupo Santa Clara contribuiu para que a gente tomasse mais decisões assertivas. E é nisso que eu venho trazendo lideranças também no nosso setor da agroindústria femininas que também levem histórias.

Então, isso a gente tem trazido alguns projetos. Eu faço essa divulgação, essa capacitação, essa motivação e integração dessas mulheres dentro da agroindústria. E a gente tem trazido muito aqui que a voz feminina é a voz do Agro para fora da Porteira, porque a mulher, ela tem todo esse acolhimento, como a Talita mesmo tá mostrando.

Jaqueline Silva: Você falou sobre essas suas iniciativas, dos números que mudaram depois que você começou a olhar com mais carinho e trazer essa mulher para dentro do grupo.

Talita Cury: Foi muito bacana. Quando eu realmente saí da gestão do jurídico, minha formação toda é na parte de direito do agronegócio, mas eu assumi essa cadeira no Conselho de administração foi uma responsabilidade muito grande e como diretriz, nós tomamos uma decisão de dar as mesmas oportunidades. Porque quando eu iniciei, eramos somente eu e minha mãe dentro do grupo Santa Clara e hoje poder olhar depois esse projeto Damas do Agro e ver que 30% do quadro de colaboradores da empresa são mulheres, não por nenhum estabelecimento de cota e sim por um direcionamento de dar as mesmas oportunidades, que elas conquistaram essas vagas, é um motivo de muito orgulho. E é isso que eu quero levar para outras empresas: enxergar isso com bons olhos, de geração de resultado para as empresas que entendem que a diversidade nas ideias trazem tomadas de decisões mais assertivas.

O Damas do Agro inicialmente começou em 2019, foi o primeiro grupo de mulheres da agroindústria. Com muito orgulho, eu falo isso. Eu queria dar mandar um beijo para elas que vão me assistir e as Damas do Agro do grupo Santa Clara. Mas a princípio, foi para motivar, capacitar e integrar as mulheres que estavam ali iniciando e tomou um porte muito maior que isso. Hoje, eu tenho viajado pelo Brasil através desse projeto, conhecido histórias de mulheres também que atuam, que são gestoras, que são responsáveis pelos seus negócios e têm o poder da decisão para levar visibilidade também para elas e fazer essa conexão com elas para a gente poder se unir e mostrar que nós não estamos sozinhas mais.

jaqueline Silva: Então, esse foi um projeto muito bacana que eu tenho orgulho e poder contar com vocês. Quem quiser acessar @Damas do Agro pra gente poder contar e também saber da sua história.

Talita Cury: Exatamente. Porque aqui quando a gente fala do projeto, a protagonista, ele é um projeto para unir todos os grupos de mulheres do agronegócio, porque existem muitos grupos, mas eles ainda falam para dentro, né? Eles não têm essa visibilidade como o Canal Rural, o nosso canal há 27 anos falando e ajudando o produtor rural. Nada mais importante do que dar voz a todos esses grupos de mulheres e mostrar o que essas mulheres estão fazendo por todo o Brasil, Norte, Nordeste, Sul, Centro-Oeste. Em cada pedacinho, tem alguém fazendo, né? Um grupo como esse que a Talita começou, que é o Damas do Agro, e também outros projetos sociais dentro das empresas que estão transformando as regiões, os índices de desenvolvimento humano dentro dessas cidades aumentam muito depois que esses projetos começam.

Jaqueline Silva: Queria que você falasse pra gente também, Talita, sobre o projeto que vocês têm com crianças, porque depois que vocês começaram com as mulheres, vocês também desenvolveram um para as crianças, né?

Talita Cury: Exatamente. Como empresa brasileira, 100% brasileira, e mais familiar e mais profissionalizada, eu senti a necessidade de a gente atuar muito à frente do SG. Então, a gente tem o e, né, que é um ambiente muito bem estruturado, toda a captação da água da chuva nas indústrias, para reutilização, descarte consciente de resíduos. A noção e a ciência dos prestadores de serviços que prestam serviço para Santa Clara que atendem as exigências de sustentabilidade. Mas eu senti a necessidade de atender também à parte social. Além do Damas do Agro, que é um projeto social que eu iniciei, eu tenho liderado o Crianças no Agro, que é levar informação para as crianças das escolas públicas municipais. Iniciamos em Jaboticabal, que é onde fica as nossas unidades industriais, e no interior de São Paulo. E agora iniciamos, nesse 2024, em janeiro de 2024, nas escolas públicas de Ribeirão Preto, que é onde fica a nossa sede administrativa. Já fica aqui um convite. Quem quiser conhecer, é só acessar @SantaClaraGrupo e poder conhecer um pouquinho, fazer uma visita a nós em Ribeirão Preto ou em Jaboticabal.

Mas o principal objetivo é levar informação para as crianças, que são a próxima geração que vão se formar, não só mulheres, mas homens, né? E entender o universo do Agro, o que realmente a gente tem de potencial para agregar, não só ao Brasil, mas ao mundo. Porque nós vamos ter que alimentar, segundo a ONU, cerca de 8 bilhões e meio de pessoas até 2050. Então, como é que nós vamos alimentar essa quantidade de pessoas sem degradar o meio ambiente, trazendo tecnologia e outras situações como a linha de bioinsumos, de biodefensivos, para aumentar a produtividade do produtor sem aumentar em escala? E levar essas informações para as crianças que são carentes de informação, impressionante como eu tenho visto assim, na vivência ali nessas aulas educativas, de como a gente tem que, como essa iniciativa privada, contribuir para essa educação da próxima geração que vem vindo.

Jaqueline Silva: Isso é importantíssimo. O “de olho no material escolar” também faz um projeto incrível, tá com a gente a crina protagonista, porque a criança acha que a fruta, o legume, a verdura nasce na gôndula do supermercado e a culpa não é dela, né? A gente fala muito pouco. Eu sempre brinco, Talita, que nem a Galinha Pintadinha, nem a Peppa estão falando do Agro de uma forma como você acabou de trazer, desse Agro sustentável, desse Agro do Futuro, né? Desse Agro que brilha os olhos dessas crianças para fazerem parte dele também. Então, parabéns por esse projeto e por investir nas crianças, porque um dos nossos pilares aqui na protagonista é falar de profissionalização. Você trouxe muito bem na sua fala que não foram por cotas que hoje você tem 30% da sua empresa, né, com mulheres. Foi por profissionalização, foi por mostrar o caminho para elas, né? E eu acho que seguir por esse caminho da profissionalização é o que a gente precisa, é esse próximo passo da mulher.

Talita Cury: Exatamente. Na verdade, o Crianças no Agro, o “de olho no material escolar”, só finalizando a questão, a Lelê, eu admiro muito o trabalho que elas tem desenvolvido, elas fazem esse trabalho ali na raiz do problema, né? Que é o material escolar que vem ou com viés ideológico, político errado, equivocado ou defasado. Material que eu parabenizo e sou muito parceira. E a gente vai ali na ponta, já na outra ponta, levando a informação na vivência com os alunos. E quando você fala de conhecimento, aí eu trago outro projeto social e é importante eu mencionar esses projetos para servir como exemplo para outras empresas também atuarem. Porque hoje, cada vez mais, os consumidores, quem consome o produtor, ele tá muito atentado e antenado com essa situação, essa questão da sustentabilidade. O que que a gente tá agregando para sociedade, o chamado o projeto Universidade Santa Clara que nada mais é, nós temos outras parcerias com universidades como Unesp, o USP, exal. Mas a gente sentiu a necessidade de montar esse projeto, de fazer a capacitação dos colaboradores da empresa, então sem custo algum para eles, a gente faz aulas didáticas gravadas e ele acessa online, tem provas para fazer, o desenvolvimento e nisso isso tá complementando o plano de desenvolvimento de carreira que ele tem dentro da companhia. Isso motiva, capacita e faz com que ele dê continuidade e a gente consiga reter bons talentos e atrair outros ótimos talentos também dentro do nosso mercado. E é incrível, né, ver quando uma mulher toma à frente também como ela olha com esse olhar 360, né? De começar da criança, profissionalizar esse profissional que já tá internamente, mas para que ele continue se desenvolvendo. É claro que os homens também fazem. Tá, mas as mulheres têm esse olhar maternal, eu acredito, né? Humanizado, a mulher ela já veio para cuidar do outro. Afinal, todo homem também vem de uma mãe e também teve esse cuidado e também teve esse carinho. Então, eu acredito muito nas mulheres, terem esse olhar 360 e ajudarem muito ao lado dos homens, como você trouxe essa diferença de opiniões, né, os gêneros, todos juntos olhando todos pro mesmo caminho vão fazer com que o Agro vá para um lugar bem diferente.

Entrevistadora: Agora, Talita, você, né, como Talita dentro da sua história, olhando lá para trás, olhando agora, olhando para o futuro, como é que você resumiria essa estrada que você já percorreu até aqui?

Talita Cury: Ai, que pergunta mais difícil, porque as coisas foram acontecendo e é bonito de ver, é o orgulho. Acho que a primeira palavra é orgulho e gratidão. Mas tem muito trabalho ainda pela frente, então eu olho com gratidão pelo passado, agradeço muito a família que me deu a base e meu pai e meu irmão que me deu a oportunidade de também estar, eu falo, pra nós estarmos aqui, se nós não éramos presentes como mulheres é porque tiveram homens que deram oportunidade. Então, é a família, gratidão por toda a história que eles construíram e que eu possa dar continuidade ao legado que eles me deram como missão, para que meus filhos, os meus sobrinhos, né, eles possam dar continuidade também, como terceira geração, do que a gente tem feito, não só para os colaboradores que hoje são quase 300 famílias que dependem da minha família, mas também pro Agro brasileiro e pro Agro do mundo. Porque hoje, nós exportamos para mais de 30 países, exportamos tecnologia brasileira para mais de 30 países. Somos uma multinacional brasileira. Isso é motivo de muito orgulho, mas também de responsabilidade. Então, que daqui para frente, eu possa muito trabalho, trabalho, trabalho, para dar continuidade e que meus filhos tenham muito orgulho da mãe que eles têm.

Jaqueline Silva: Com certeza, eles já têm. A gente também tem muito orgulho de ter você como uma das nossas líderes dentro do agronegócio. E que você possa continuar trazendo tanto encantamento, porque quando você fala, o seu olho brilha. E eu acho que essa é a sua maior Fortaleza, né? Se é a Fortaleza das mulheres falar com esse brilho nos olhos, falar de coração mesmo, porque você está mergulhada nisso diariamente. Obrigada. O propósito é esse. Além de trazer uma agricultura sustentável, é realmente fazer o mundo melhor daqui pra frente, essa é a nossa responsabilidade. O que foi, já foi. A gente tem que ver o lado bom de tudo que aconteceu, né? E graças a Deus, nós estamos aqui. Mas daqui pra frente, o que a gente pode fazer para melhorar e para trazer um mundo mais sustentável, um Agro realmente de fato respeitado e não só aqui no Brasil, mas no mundo. Obrigada, viu, e esteja sempre com a gente na protagonista. A protagonista são todas vocês que estão todos os dias aqui, tanto desse lado quanto do outro lado da telinha também.

Talita Cury: Muito obrigada. Realmente, me emociono porque quando a gente fala de propósitos e bem, é uma emoção. Fiquei muito contente pelo convite, desejo muito boa sorte pras protagonistas, sucesso que você continue levando boas histórias para todos que estão assistindo aí. Agradeço a cada um que esteve aí escutando um pouquinho da minha história, da minha trajetória profissional. Obrigada.