Presença feminina avança, mas mulheres ainda enfrentam barreiras em cooperativas

Para Luciana Martins, o desafio é aumentar o número de mulheres em postos de comando

O cooperativismo feminino tem ganhado protagonismo no agronegócio brasileiro, e um dos principais espaços de fortalecimento dessa rede é o Enmcoop (Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas) que terá sua 6ª edição nos dias 2 e 3 de dezembro, em Itupeva (SP).

Em entrevista ao A Protagonista, a diretora executiva do Grupo Conecta, Luciana Martins, afirmou que o perfil da mulher do agro mudou nos últimos anos. Segundo ela, se antes a presença feminina em eventos e cooperativas era tímida, hoje já existe um movimento claro de busca por conhecimento, formação e liderança.

“Hoje, essa mulher chega sabendo que pertence a esse espaço. Ela quer aprender para aplicar na lavoura, na propriedade, na gestão e na sua carreira”, destacou.

Da participação simbólica à tomada de decisão

Luciana lembra que, quando o movimento começou, o objetivo era mostrar às mulheres que elas tinham espaço no cooperativismo. Agora, o desafio é outro: ocupar cargos estratégicos.
Apesar dos avanços, a presença feminina ainda é baixa nos conselhos das cooperativas e em posições de direção. Segundo Luciana, a questão não é falta de interesse, mas de preparação, e muitas vezes de autoconfiança.

“Muitas mulheres esperam estar 100% preparadas para se candidatar. Já os homens se lançam com 60% de conhecimento. O que falta muitas vezes é atitude”, afirmou.
Ela reforça que empresas e cooperativas já procuram mulheres para assumir posições de liderança, mas nem sempre encontram candidatas que se sintam prontas.

Três pilares do Enmcope 2025

A edição deste ano do encontro contará com uma programação construída sobre três pilares: autodesenvolvimento, gestão e profissionalização e saúde emocional e espiritualidade
Luciana explica que a expansão do protagonismo feminino no campo não veio acompanhada de uma redução nas responsabilidades domésticas.

“As mulheres conquistaram espaço, mas continuam equilibrando muitos papéis: mães, gestoras, esposas, produtoras. Isso gera uma carga emocional intensa. Por isso, precisamos cuidar de dentro para fora.”

Festival cultural e troca de experiências

Além das trilhas de formação, o encontro terá um festival gastronômico e cultural reunindo sabores, tradições e identidades do campo brasileiro , além da participação de cooperativas da Itália, Holanda e Japão, países que influenciaram a formação agrícola do Brasil.

“O Enmcoop é sobre aprender, se fortalecer e, principalmente, fazer rede. Uma mulher que se vê capaz inspira outras a avançarem junto”, disse Luciana.

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