
O desenvolvimento de lideranças femininas no agronegócio tem ganhado força e consolidado um novo cenário dentro do setor. Iniciativas que combinam capacitação, inovação e redes de apoio vêm preparando mulheres para assumir posições estratégicas e influenciar diretamente os rumos da produção agrícola no Brasil.
Esse movimento foi tema da entrevista com Rosimeire dos Santos, líder de relações governamentais para proteção de cultivos e biológicos na Corteva Agriscience e idealizadora da Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio.
Natural de Maringá (PR) e formada em Economia pela Universidade Federal de Mato Grosso, Rosimeire construiu sua trajetória profissional diretamente ligada ao setor.
“Minha relação com o agro vem de infância. Meu pai sempre esteve envolvido com o campo, então desde a faculdade eu já buscava seguir para a economia agrícola”
O primeiro estágio, na Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso, consolidou o caminho que ela segue até hoje.
Pesquisa identificou barreiras e oportunidades para mulheres do agro
Segundo Rosimeire, a criação da Academia de Liderança partiu de um diagnóstico global feito pela Corteva, em 2017, para compreender as aspirações e desafios enfrentados pelas mulheres no agronegócio. No Brasil, cerca de 450 mulheres participaram da pesquisa. Três pontos principais se destacaram:
- Orgulho de pertencer ao agronegócio, marcado por histórias familiares ligadas à construção do setor.
- Dificuldade de atuação em um ambiente ainda predominantemente masculino.
- Desejo de capacitação técnica e espaços seguros para troca e aprendizado.
“Observamos também que a presença feminina em posições de liderança em sindicatos e associações era muito baixa. Havia espaço para criar um programa contínuo, estruturado, que estimulasse o protagonismo feminino de forma prática e consistente”
Com base nesse diagnóstico, a Corteva estruturou a Academia de Liderança inicialmente em parceria com a Fundação Dom Cabral e, mais tarde, com a FIA Business School. O programa reúne conteúdo técnico, formação em liderança e construção de redes colaborativas.
Protagonismo que transforma realidades
Para Rosimeire, o fortalecimento das lideranças femininas no agro é um movimento que vai além da representatividade:
“Quando mais mulheres se veem preparadas, confiantes e apoiadas, elas passam a ocupar espaços, tomar decisões e inspirar outras. Isso transforma propriedades, negócios e comunidades inteiras.”