Paulistana e filha de imigrante japonês, Kelly Nakaura traz o agro em suas raízes, pois parte de sua família, no Japão, é produtora rural. Mas sua trajetória profissional começou na área urbana, no setor automotivo, antes de migrar para o agronegócio. A virada aconteceu quando foi convidada para liderar uma transformação digital em uma fabricante de máquinas agrícolas.
“Era o início da era digital no marketing, e o desafio era fazer essa transição dentro de um setor que ainda se comunicava de forma muito tradicional”
Desde então, já são mais de 11 anos dedicados a estruturar equipes e estratégias de comunicação e marketing voltadas ao agro. Para Kelly, o encantamento com o setor vem da força que ele tem na economia e na vida das pessoas.
“É um setor que move o país, mas ainda é pouco compreendido fora dele”
Comunicação como estratégia
Com experiência de duas décadas em cargos executivos e hoje à frente de uma empresa de consultoria, Kelly acredita que o agronegócio vive um momento de virada na forma de se comunicar. Segundo ela, ainda há uma lacuna de narrativa sobre o setor, o que abre oportunidades para construir reputação de forma mais estruturada e transparente.
Como professora convidada da Fundação Instituto de Administração (FIA), ela observa um interesse crescente de líderes do agro em profissionalizar as áreas de marketing.
“Assim como outros setores já passaram por esse processo, o agronegócio começa a enxergar o marketing como pilar estratégico, capaz de gerar valor e confiança”.
Para Kelly, comunicar bem o agro exige consistência, frequência e uma mensagem unificada. É preciso construir uma narrativa única que envolva toda a cadeia , dentro e fora da porteira, para fortalecer a imagem do setor no Brasil e no exterior.
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Ampliar o olhar sobre o cliente
Nos workshops que ministra, Kelly costuma provocar reflexões sobre o papel do marketing. Ela defende que o foco não deve estar apenas na venda de produtos para o produtor rural, mas em uma visão mais ampla, que inclua toda a sociedade.
“O cliente do agro não é só o produtor. É também o consumidor que compra alimentos, fibras e energia; é o parceiro internacional que importa nossas commodities; é a sociedade que forma opinião sobre o campo”
Essa ampliação de visão, segundo ela, muda completamente a forma de pensar a comunicação, que passa a ser orientada por propósito, reputação e valor de marca.
Desenvolver vozes e lideranças
Outro desafio que Kelly destaca é o de preparar as lideranças do agronegócio para se expressarem publicamente. Ela acredita que o setor tem muitas vozes potentes ainda pouco ouvidas, e que falta preparo e incentivo para que executivos e produtoras se posicionem de maneira profissional nas redes sociais e na imprensa.
“Essas vozes precisam ser fortalecidas, com preparo técnico e apoio estratégico, para que representem o agro de forma autêntica e positiva”
Profissionalização e visão de longo prazo
Com MBA, especializações e uma trajetória dedicada ao aprendizado contínuo, Kelly defende que o marketing e a comunicação no agro sejam conduzidos por profissionais qualificados e com autonomia. Para ela, é fundamental que as empresas invistam em estrutura e planejamento de longo prazo.
“Não existe marketing sem investimento e sem clareza de propósito. É uma área que precisa ser vista como estratégica e não apenas operacional”
Com uma carreira guiada por coragem, propósito e paixão, Kelly Nakaura acredita que o marketing é uma ferramenta poderosa para transformar a forma como o agro é percebido, e para abrir caminho a novas lideranças femininas que vêm, cada vez mais, moldando o futuro do setor.
