
A nova fronteira do agro: impacto social com retorno financeiro
O agronegócio está diante de uma transformação estratégica que une rentabilidade, impacto social e sustentabilidade. À frente desse movimento está Bruna Rezende, CEO da IRIS, empresa especializada em finanças regenerativas. Com origem no campo e formação em economia, Bruna lidera iniciativas que monetizam o impacto gerado por mulheres em projetos do agro.
O conceito é inovador: transformar ações sociais em ativos financeiros certificados os chamados créditos sociais de gênero e vendê-los no mercado global. O resultado? Um modelo em que empresas, produtoras e investidoras ganham, ao mesmo tempo em que promovem inclusão e desenvolvimento nas comunidades rurais.
O que são créditos sociais de gênero?
Os créditos sociais de gênero são ativos gerados a partir de projetos que promovem melhoria de vida para mulheres em seis domínios:
- Saúde
- Geração de renda
- Educação
- Liderança
- Economia de tempo
- Segurança alimentar
Com foco em agricultura familiar, reciclagem, coleta de sementes e outras cadeias produtivas dominadas por mulheres, a IRIS desenvolve, mede e certifica o impacto gerado e converte isso em valor de mercado.
Um exemplo prático: nos projetos realizados no Tocantins e na Bahia, envolvendo culturas como cacau e açafrão, já foram gerados 30 mil créditos sociais de gênero, comercializados no mercado americano.
Como funciona o modelo de monetização
Segundo Bruna, as empresas podem participar de duas formas:
- Aportando capital em projetos desenvolvidos pela IRIS, que já têm metodologia e certificação estruturadas.
- Convertendo seus próprios projetos sociais desde que mensuráveis em créditos com suporte da IRIS, identificando indicadores e validando o impacto.
Além disso, os ativos sociais podem ser combinados com outros créditos ambientais como carbono ou biodiversidade aumentando seu valor. No mercado americano, por exemplo, um crédito de carbono padrão é vendido a US$ 50, enquanto um crédito combinado com impacto social pode atingir US$ 70.
Demanda internacional e potencial brasileiro
O principal mercado consumidor ainda é o externo: bancos de fomento, filantropos, empresas ESG e fundos de impacto. Mas o Brasil já começa a reconhecer o valor desses ativos.
“Estamos construindo uma nova economia que valoriza o capital humano, natural e social. É o início de um ecossistema mais justo e resiliente”, afirma Bruna.
Mulheres como força estratégica no agro
Apesar de representarem mais de 60% da força de trabalho na agricultura familiar, as mulheres ainda enfrentam grandes barreiras de acesso a crédito e capital. Apenas 3% do capital de risco e 2% da filantropia global são direcionados a elas. O gap salarial chega a 22% — e entre mulheres negras, salta para 40%.
A inclusão dessas mulheres como protagonistas dos projetos, segundo Bruna, não é só uma questão de justiça social, mas de eficiência econômica.
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