A produção de carne bovina no Brasil está em ascensão, com previsões de alcançar mais de 11 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 2,3% em relação a 2023. Esse crescimento, reportado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), não apenas marca um avanço econômico, mas também apresenta desafios em termos de sustentabilidade e eficiência.
Para entender como produzir mais e melhor de maneira sustentável, conversamos com Beatriz Brito, uma influente consultora de empresas familiares no agronegócio. Beatriz, que é sócia e membro do conselho de uma empresa familiar no Mato Grosso do Sul, tem uma vasta experiência em administração de empresas, desenvolvimento humano e organizacional, e consultoria de empresas familiares.
Inovação e sustentabilidade na produção
Beatriz Brito e sua família gerem uma fazenda que combina a produção de carne, soja e milho, utilizando práticas inovadoras como a integração lavoura-pecuária (ILP). A ILP é uma técnica que maximiza o uso da terra e melhora a qualidade do solo, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e econômica da produção. Beatriz explica que essa abordagem é fruto de uma visão participativa e de governança, onde todos os membros da família têm um papel ativo no conselho da empresa.
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“Quando meu irmão, que é agrônomo, voltou para o negócio familiar, ele trouxe uma série de novas ideias. Sempre tivemos uma visão muito ambiental do processo, então a ILP foi uma escolha natural para melhorar a sustentabilidade e os resultados da nossa produção”, disse Beatriz.
O modelo boitel e os desafios do mercado
A empresa também adota o modelo boitel, que consiste no confinamento de gado para engorda. Este modelo se mostrou promissor, especialmente durante a pandemia, oferecendo serviços de engorda para a região. Beatriz aponta que o boitel é uma estratégia importante, mas que enfrenta desafios no mercado atual. A baixa simultânea dos preços do boi e dos grãos torna o cenário especialmente desafiador.
“Estamos vivendo um momento único com a baixa do boi e dos grãos ao mesmo tempo. Quem está na ILP não pode contar com a gangorra usual de preços. Mas, como meu pai sempre diz, o ciclo pecuário é feito de épocas de vacas gordas e vacas magras. O boi vai subir novamente, é cíclico”, explicou Beatriz.
Governança e sucessão familiar
Um dos pilares do sucesso da empresa familiar de Beatriz é a governança sólida e a preparação para a sucessão familiar. A família iniciou o processo de transição geracional há cerca de 15 anos, investindo em preparar os herdeiros para assumir o negócio. Esse planejamento de longo prazo é essencial para garantir a continuidade e inovação na empresa.
“Efetivamente começamos a nos preparar há 15 anos. Meu pai e minha mãe viveram um processo de transição geracional desafiador e decidiram investir nesse processo para a nossa geração. A sucessão é um processo longo, cheio de aprendizado, idas e vindas. Não é linear”, compartilhou Beatriz.
Consultoria e desenvolvimento humano
Além de seu papel na fazenda, Beatriz dirige uma consultoria em São Paulo chamada G3, especializada em desenvolvimento de pessoas, equipes e empresas, com um foco especial em empresas familiares. Ela utiliza sua experiência prática na fazenda para ajudar outras empresas a enfrentarem desafios semelhantes, promovendo a transformação e a sustentabilidade.
“Nossa consultoria tem o propósito de impulsionar a transformação de pessoas e empresas. Levo a metodologia de desenvolvimento e transições geracionais para meus clientes. Estou dos dois lados do balcão, vivo a transição geracional aqui e trabalho com ela ali”, disse Beatriz.
Para Beatriz, a determinação é a chave para o sucesso no agronegócio. Ela enfatiza a importância de persistir diante dos desafios e de ter um objetivo claro. “As coisas não são construídas da noite para o dia. A vida é feita de sucessos e insucessos. Persistir e ter um foco claro é essencial. Quando estiver desanimado, durma, tome um banho e acorde com determinação no dia seguinte”, aconselhou Beatriz.
