COLUNISTA: Juliana Farah

COLUNISTA: Juliana Farah

Olá, queridas leitoras,
Hoje venho falar com vocês sobre algo que agride todas nós, do Brasil e do mundo,
anônimas ou famosas: o etarismo. Sem rodeios, essa palavrinha significa: preconceito,
discriminação e estereótipos direcionados às pessoas com base na sua idade.
Se assim é com famosas que não são mais escaladas para novelas, filmes etc,
imagine para a mulher trabalhadora do campo… É difícil compreender que tal gesto
possa existir — afinal tanta gente sugere que abracemos o século 21, com suas
modernidades e com a transformação da sociedade —, mas existe.
A produtora rural, muitas vezes marginalizada por seu próprio trabalho e pelos
padrões sociais historicamente estabelecidos sabe muito bem do que falo. Além de
enfrentarem os desafios comuns às mulheres mais velhas, elas vivenciam
particularidades relacionadas ao trabalho no campo: a falta de reconhecimento de
suas habilidades e competências, entraves em obter crédito e dificuldade de acesso a
serviços básicos de saúde e educação.
É através dessa cultura em nosso país que podemos constatar a olhos vistos nas
áreas rurais a ideia de que as mulheres devem se dedicar exclusivamente aos
cuidados domésticos e que os homens são os responsáveis pelas decisões
relacionadas à propriedade e à produção. Isto quer dizer: relações sociais, de poder e
econômicas.
Entretanto, devo dizer a vocês que isso pouco a pouco tem ficado para trás. Acabou?
Não. Longe disso. Mas a valorização de nós, mulheres, independentemente da idade,
se dá dia a dia, com ações propositivas, redes de apoio e aprendizado.
Ao longo de mais de dois anos nos eventos promovidos pela Comissão Semeadoras
do Agro, temos presenciado a transformação da mulher do campo em produtora rural.
E essas ações têm resultado em autoconhecimento, empreendedorismo, autonomia
financeira e bem-estar social e emocional.
Apesar dos desafios, há sinais positivos e significativos. E cabe fazer um alerta: as
mulheres mais jovens não podem perder de vista nem mesmo considerarem o
etarismo e outros ‘ismos’ contra às mulheres temas sem importância. Afinal, o futuro
delas depende da luta dessas guerreiras que agora são tidas como “ultrapassadas”.
Inclusão, implementação de políticas públicas, combate à violência e empoderamento
são reações ao etarismo. Pois nada melhor do que mostrar sua força lutando pelo que
é seu por direito e desequilibrando uma cultura secular, de segregação da população.
E não se esqueçam, minhas amigas, a mulher é a protagonista da família e, claro, da
sua própria história.
Com carinho,
Juliana Farah, vice-presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação
da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)