
Olá, queridas leitoras,
Hoje gostaria de falar com vocês sobre igualdade de gênero e justiça climática, mas
desta vez por outro viés, ou melhor, com outro destaque e palco: ambos os temas
debatidos na COP30, que acontece até 21 de novembro, em Belém do Pará.
A Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP30) está sendo marcada por
uma forte ênfase na justiça climática com perspectiva de gênero. Isso significa
reconhecer que as mulheres, especialmente as que vivem em zonas rurais
(agricultoras familiares, indígenas, quilombolas e extrativistas), enfrentam os impactos
da crise climática de forma mais intensa e desigual.
A dependência direta que possuem dos recursos naturais para o seu sustento (água,
solo, colheitas) faz com que secas, inundações e alterações climáticas atinjam
primeiramente e de forma mais severa a sua capacidade de produção e,
consequentemente, a segurança alimentar de suas comunidades.
A ONU Mulheres reforça que elas devem estar no centro da ação climática, pois são
guardiãs de saberes tradicionais, lideram práticas agrícolas sustentáveis e têm papel
essencial na adaptação às mudanças climáticas. A vivência e o trabalho diário em
seus territórios as tornaram guardiãs de um valioso conhecimento tradicional e
ancestral, essencial para a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas.
Elas cultivam alimentos, preservam ecossistemas e sustentam comunidades. Ao
incluí-las na COP30, o Brasil dá um passo importante para tornar a ação climática
mais justa, eficaz e representativa. Em outras palavras: Não há como discutir o futuro
do planeta sem as mulheres no centro das decisões.
Um dos pontos chave da COP30 é a negociação de um novo Plano de Ação de
Gênero (GAP). Este plano busca assegurar que as políticas, os financiamentos e as
tecnologias climáticas sejam efetivamente sensíveis ao gênero, reconhecendo a
diversidade e a contribuição das mulheres, incluindo as trabalhadoras rurais.
A Comissão Semeadoras do Agro da Faesp vem trabalhando há três anos com
diversos objetivos, entre eles o de tirar a mulher da invisibilidade, e um evento como
este, onde o mundo todo está olhando para o Brasil, é a oportunidade ideal para
debater a crise climática, mas, sobretudo, colocar as mulheres como protagonistas de
um futuro com mais equidade, sustentável e com garantia da segurança alimentar.
A COP30 é, pois, não somente um espaço de negociação entre governos, mas
também um catalisador para a criação de uma política intersetorial de proteção e
empoderamento para as mulheres em todas as zonas rurais, solidificando o princípio
da justiça climática na prática.
Com carinho,
Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)