Pecuária

Do Haras à Moda: Como o Quarto de Milha Transformou a Vida de Suellen Jacobsen

Suellen Jacobsen compartilha sua trajetória no agronegócio, desde a paixão pelo cavalo Quarto de Milha até a criação de uma marca de moda feita 100% com matérias-primas do agro.

Do Aras à Moda: Como o Quarto de Milha Transformou a Vida de Suellen Jacobsen
Arquivo Pessoal

Suellen Jacobsen sempre teve o Quarto de Milha como parte essencial da sua vida.
Essa conexão com o cavalo símbolo do campo não apenas moldou sua identidade, mas também guiou toda sua trajetória no agronegócio da infância vivida no lombo de um cavalo à criação de um haras próprio e uma marca de moda inspirada no universo rural.

Nascida em Cascavel (PR) e criada em fazendas no Mato Grosso, Suellen é a tradução de uma mulher que vive o agro com verdade, fé e visão. Desde os dois anos de idade, já acompanhava o avô pecuarista e referência em sua vida em todas as tarefas do campo.

“Ele sempre me dizia: ‘Nunca desista dos seus sonhos. Tudo o que a gente faz com amor dá certo’. Isso ficou comigo”, conta emocionada.

Quarto de Milha: o cavalo do agro que guia uma história de protagonismo

A paixão de Suellen sempre teve nome e raça: o cavalo Quarto de Milha. Conhecido por sua docilidade, força e versatilidade, ele é o verdadeiro “cavalo do agro”. Utilizado tanto nas lidas de campo quanto em competições e até mesmo em tarefas agrícolas no passado, como puxar arados, o Quarto de Milha acompanha o desenvolvimento do agronegócio brasileiro há décadas.

“Com dois aninhos, meu avô já me colocava no cavalo para ir ao campo com ele. Sempre tive essa ligação”, relembra Suellen.

Ainda criança, participava da abertura de rodeios montada em seu cavalo. O amor pela raça se transformou em sonho: ter o próprio haras.

Apesar de inicialmente ter optado por cursos como agronomia e até veterinária, o destino levou Suellen ao marketing. Mas o agro nunca saiu de cena. Sua monografia de conclusão de curso foi um planejamento estratégico de haras e com nota 10.

“Foi quando decidi colocar o sonho em prática”, afirma.

Ela estruturou com a família a criação de um plantel voltado para corrida e genética. Com o irmão responsável pela parte técnica, o negócio prosperou, mesmo diante das dificuldades logísticas e de mão de obra do interior do Mato Grosso. Em 2024, o sonho ganhou forma: a realização do primeiro leilão do haras.

Moda, agro e identidade: como Suellen deu voz às mulheres do campo

A vivência no ambiente predominantemente masculino da criação de cavalos exigiu adaptações.

“Me masculinizei para pertencer àquele ambiente. Cheguei a perder um pouco da minha feminilidade”, conta Suellen.

Essa percepção a motivou a criar algo novo: uma marca de moda pensada para a mulher do agro com autoestima, identidade e conexão com o campo.

Durante uma conversa com a mãe, surgiu a ideia de transformar essa necessidade em propósito. Nasceu então a marca de moda agro com foco em peças produzidas 100% com matérias-primas do agronegócio, como couro, algodão e linho. A proposta vai além da estética: é um movimento para valorizar quem está por trás de cada produto do campo.

Por que a moda agro importa?

Suellen destaca como a moda se tornou um canal estratégico para aproximar o consumidor do campo:

1. As pessoas usam roupas feitas de couro, algodão, linho mas não sabem a origem desses materiais.
2. Há pouca representatividade da mulher do agro na moda.
3. O estilo western está em alta, com influências até na cultura pop, como Beyoncé.
4. A comunicação sobre o agro ainda é limitada para o público urbano.
5. Valorizar o campo também passa por valorizar quem vive nele e isso inclui mulheres.

“Quero ajudar outras mulheres com a minha história, mulheres que talvez tenham passado pelo que eu passei. Mostrar que é possível ser feminina, empreendedora e agro ao mesmo tempo”, explica.

De volta às raízes e de olho no futuro

Hoje, Suellen divide sua vida entre São Paulo onde está focada na expansão da marca e o Mato Grosso, onde mantém a lida com os cavalos. A conexão com o Quarto de Milha permanece firme. É mais do que uma raça: é símbolo de quem ela é e de onde veio.

A sua história inspira não apenas por sua coragem e resiliência, mas por sua capacidade de unir tradição, inovação e propósito. Ela representa a nova geração de mulheres do agro que cuidam, criam, lideram e comunicam.

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