Olá, queridas leitoras,
Não sei se por coincidência ou não, no mês de março, celebramos, mundialmente, dois
pilares fundamentais para a sobrevivência da vida humana: a mulher e a água,
oportunidades em que somos convidados a refletir sobre as desigualdades que permeiam
a nossa sociedade e como esses temas se entrelaçam.
Segundo dados do Instituto Trata Brasil, cerca de 32 milhões de brasileiros vivem sem
acesso à água potável e em três, das cinco das regiões do país (Norte, Nordeste e Sul),
menos da metade da população é coberta com a coleta de esgoto.
Em comunidades onde o acesso à água bebível é limitado, são as mulheres que
frequentemente assumem a responsabilidade de buscá-la, enfrentando longas distâncias
para abastecer suas famílias e propriedades. Essas caminhadas, além de exigirem grande
esforço físico, acabam privando-as de oportunidades como educação, trabalho
remunerado e tempo para o autocuidado, o que as impedem de evoluírem cultural e
economicamente.
A sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados, que recai desproporcionalmente sobre
as mulheres, dificulta a participação plena delas no empreendedorismo e no mercado de
trabalho, como constantemente tratamos neste espaço. Elas são apenas 34% dos donos
de negócios, como indica a plataforma DataSebrae e uma pesquisa da FGV de 2018
aponta que elas ocupam o mesmo percentual (somente) de cargos de liderança no
agronegócio.
Sabemos que a escassez hídrica e a falta de saneamento básico adequado aumentam o
risco de doenças e a situação de vulnerabilidade, impactando a saúde e o bem-estar das
mulheres e suas famílias. Da mesma forma, a sub-representação feminina, nas
organizações e em espaços de decisão, perpetua a desigualdade e se constitui como um
dos desafios para a melhoria da qualidade de vida, seja no campo ou na cidade.
São obstáculos sistêmicos, nos dois aspectos, que se cruzam e refletem as mazelas que
ainda persistem na sociedade e que exigem ações coordenadas do poder público e da
iniciativa privada, como forma de garantir um futuro mais justo e sustentável.
Neste mês, que comemoramos o Dia Internacional da Mulher e Dia Mundial da Água,
reafirmamos o compromisso da Comissão Semeadoras do Agro de trazer as mulheres
para a visibilidade, destacando o papel delas como agentes de mudança e vozes ativas na
preservação dos recursos naturais, aliado a uma produção sustentável, criando um
impacto positivo que transcende gerações.
Contem conosco nessa jornada.
Com carinho, Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)