Combinando a herança de quatro gerações de suinocultores italianos com a paixão pela gastronomia, a chef Flávia Brunelli, especialista em carne suína, fundou há sete anos uma empresa focada em cortes personalizados de suínos. Com um olhar moderno e sustentável, a empresa investe na qualidade da carne e no aprimoramento genético da raça do Duroc, conhecida como Angus Suíno.
A jovem empreendedora começou sua trajetória no agronegócio ainda na faculdade, onde desenvolveu um plano de negócios para um restaurante inovador de carne suína como seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em administração. “Eu ganhei o primeiro lugar no TCC e uma viagem para um curso na Disney University em Orlando”, conta Flávia. A experiência e o feedback positivo foram importantes para transformar a ideia em realidade, mesmo trabalhando em uma multinacional na época.
Desafios
A transição para o empreendedorismo não foi fácil. Aos 22 anos, após uma promoção na companhia na qual trabalhava, Flávia decidiu pedir demissão para investir na criação e comercialização de cortes especiais de carne suína. “Foi uma virada de chave de carreira”, lembra. A tradição familiar de suinocultura, iniciada há 90 anos na região do Vêneto, na Itália, e mantida no Brasil há 40 anos, foi a base sobre a qual Flávia construiu seu negócio.
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Um dos maiores desafios enfrentados por Flávia foi a liderança em um setor predominantemente masculino e marcado por preconceitos de gênero e idade. “Os principais desafios com certeza foram lidar com pessoas. Sendo muito jovem e mulher, há um preconceito muito grande da própria equipe”, explica. “As pessoas não te dão respeito ou credibilidade, até mais do que por ser mulher, por ser jovem.”
Superar essas barreiras exigiu demonstrar competência técnica e habilidade em gestão. Flávia se aprofundou no estudo e aprimoramento dos processos de criação, abate e desossa de suínos, viajando para os Estados Unidos, Itália e Argentina para aprender novas técnicas e desenvolver cortes inovadores. Ela foi pioneira na criação de uma linha de desossa de leitão no Brasil, introduzindo novos cortes que não existiam no mercado nacional.
Forbes Under 30
O reconhecimento pelo trabalho de Flávia veio em 2023, quando foi nomeada uma das jovens líderes mais promissoras do país pela Forbes Under 30 na categoria Agro. “Foi uma grande honra e um grande orgulho, porque a suinocultura nunca tinha entrado na Forbes”, destaca. A inclusão na lista não só trouxe visibilidade para seu trabalho, mas também ajudou a desmistificar o consumo de carne suína no Brasil.
Mercado de carne suína
Segundo Flávia, a criação de suínos própria segue rigorosos padrões de boas práticas, assegurando que cada etapa do processo produtivo, desde a fazenda até o abate, mantenha altos níveis de qualidade. A chef destaca ainda que a comunicação e o marketing são fundamentais para mostrar ao cliente final o cuidado e a dedicação na produção.
Apesar dos avanços no consumo dessa proteína animal no Brasil, ela lembra que o consumo ainda é relativamente baixo comparado a outros países. “Há cinco anos, o consumo de carne suína era 14 kg per capita; hoje, está em 20 e poucos, mas comparado com Europa e Estados Unidos, onde se consome 40-50 kg, ainda temos muito a crescer”, afirma Flávia.
