No Brasil, as pastagens são fundamentais para a pecuária, atuando como a principal fonte de alimentação do gado de corte e leite. O Cerrado, em particular, destaca-se com espécies como a Brachiaria, que impulsionaram a produção desde a década de 1970. Essas pastagens aumentaram a produtividade e colocaram o Brasil como um protagonista mundial no setor. No entanto, a preservação e o manejo adequado dessas áreas são cruciais para garantir a sustentabilidade do agronegócio. Mas o que fazer quando as pastagens estão degradadas?
O que são pastagens degradadas?
Para compreender a importância da recuperação das pastagens, é necessário, antes de tudo, entender o que caracteriza uma área degradada. De acordo com Thaís Lopes, engenheira florestal e gerente de marketing de campo na Corteva AgroSciences, pastagens degradadas são aquelas que apresentam prejuízos tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. “Essas áreas não conseguem mais suportar adequadamente o gado, e apresentam erosão e a presença excessiva de plantas daninhas”, afirma.
A degradação ocorre em diferentes níveis, e os sinais de alerta vão desde a perda da cobertura vegetal até o aumento de solos expostos. Esses fatores impactam diretamente a capacidade da terra de sustentar a produção de gado, além de aumentar os riscos ambientais, como a erosão e a perda de biodiversidade.
Soluções sustentáveis para a recuperação
A boa notícia é que existem técnicas eficazes para reverter o quadro de degradação. O primeiro passo, segundo Thaís Lopes, é realizar uma análise da fertilidade do solo. Em muitos casos, é necessário aplicar correções, como a adubação e a calagem, para melhorar a qualidade da terra. Além disso, o controle de plantas daninhas é essencial para garantir que a pastagem se desenvolva sem competidores prejudiciais.
“Atualmente, há vários produtos no mercado voltados para o controle de plantas daninhas em pastagens, mas é importante utilizar produtos registrados e contar com a assistência técnica para escolher o melhor método de controle”, alerta.
Integração lavoura-pecuária-floresta como alternativa
Outra estratégia que vem ganhando destaque é a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que permite ao produtor recuperar áreas degradadas ao mesmo tempo em que diversifica sua produção. O sistema ILPF consiste na utilização rotativa de lavouras, pastagens e árvores na mesma área, promovendo benefícios como a melhoria da qualidade do solo e o aumento da produtividade.
“A ILPF é uma excelente alternativa para aqueles que querem recuperar suas áreas de forma sustentável e ainda aumentar a lucratividade”, explica. Esse sistema tem sido amplamente incentivado por programas governamentais e organizações do setor agropecuário.
Desafios e oportunidades para mulheres no agro
Lopes compartilhou também suas experiências pessoais ao enfrentar os desafios no setor agropecuário, especialmente como mulher em um ambiente predominantemente masculino. Formada em engenharia florestal, ela contou como quase desistiu da carreira devido às barreiras de gênero, mas com determinação e resiliência, conquistou respeito e liderança no setor.
“Ainda somos poucas mulheres no agro, especialmente em áreas tão específicas como pastagens. Mas isso está mudando, e cada vez mais mulheres estão buscando espaço e trazendo inovação para o campo”, disse. Ela acredita que essa mudança é uma oportunidade tanto para o setor quanto para as profissionais que, assim como ela, desejam fazer a diferença.
O papel do governo na recuperação de pastagens
Outro ponto relevante discutido por Thaís Lopes foi o papel do governo na recuperação de pastagens degradadas. Com o lançamento de programas federais, como o Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), o objetivo é incentivar os produtores a adotarem práticas sustentáveis, contribuindo para a recuperação de áreas degradadas e a redução das emissões de gases de efeito estufa.
“O governo tem feito um esforço significativo para auxiliar os produtores, e isso inclui financiamentos para a implementação de técnicas de recuperação e manejo sustentável”, explica. Ela destaca que, para os produtores, aderir a essas práticas é uma oportunidade de aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, colaborar para a preservação ambiental.
Inovação e tecnologia no campo
A inovação tecnológica tem desempenhado um papel crucial na modernização das práticas agropecuárias, e na recuperação de pastagens não é diferente. O uso de drones, por exemplo, já permite que produtores monitorem grandes áreas com maior precisão, identificando pontos críticos de degradação.
“Tecnologias como drones, sensores de solo e imagens de satélite têm revolucionado a forma como monitoramos e manejamos as pastagens”, comenta Lopes. Essas ferramentas permitem uma gestão mais eficiente dos recursos e ajudam a reduzir custos operacionais, tornando a recuperação de áreas degradadas mais acessível aos produtores.
A importância do amor pela terra
Para finalizar a entrevista, Thaís deixou uma mensagem inspiradora sobre a importância do amor pela terra e pelo trabalho no campo. “É o amor pelo que fazemos que nos dá forças para continuar, mesmo diante dos desafios. Com amor e dedicação, conseguimos transformar realidades e fazer a diferença”, concluiu.