MULHERES DO CAMPO

'Maria da Penha Vai à Roça' e o 25 de novembro

A data internacional de combate à violência revela por que a proteção precisa avançar nas comunidades rurais

Juliana Farah
Juliana Farah, presidente Semeadoras do Agro e Colunista

Olá, queridas leitoras,

Há mais de um ano, num dos primeiros textos, escrevi a vocês sobre uma epidemia que aflige mulheres dos quatro cantos do globo: a violência. Mais do que um substantivo, presente em diversos idiomas e cartazes mundo afora, continua sendo uma realidade cruel para muitas mulheres.

Se nas cidades, onde há estruturas, delegacias 24h, e redes de apoio, especialmente em associações, igrejas e universidades, a violência ocorre com uma frequência injustificável, o que dizer então do cenário enfrentado pelas mulheres do campo?

Em agosto, tive o privilégio, juntamente do presidente do Sistema Faesp/Senar, Tirso Meirelles, de participar do lançamento da campanha “Maria da Penha vai à Roça”, capitaneada pela senadora Damares Alves, durante as comemorações dos 20 anos do Republicanos. Seu objetivo é garantir que a Lei Maria da Penha seja efetiva nos territórios rurais, promovendo autonomia, justiça, dignidade, segurança e liberdade.

O programa prevê ações como caravanas com palestras e oficinas, cartilhas e rádios comunitárias, formação de lideranças locais e mutirões de cidadania e saúde, sempre em parceria com sindicatos rurais, cooperativas agrícolas, universidades, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), prefeituras e organizações da sociedade civil.

Ele se conecta diretamente ao dia 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, ao direcionar os esforços de conscientização e proteção para um grupo que historicamente enfrenta desafios específicos: as mulheres em zonas rurais e comunidades tradicionais.

A campanha “Maria da Penha Vai à Roça” reconhece que as mulheres rurais (agricultoras familiares, indígenas, quilombolas) enfrentam barreiras geográficas (a distância dos centros urbanos dificulta o acesso a delegacias especializadas, centros de referência e à própria Justiça, tornando a denúncia mais rara e a impunidade mais provável); e desconhecem seus direitos e os canais de proteção disponíveis, como o Disque 180.

A data serve, portanto, como um marco anual para reforçar a necessidade de projetos como esse, que atuam de forma contínua para preencher as lacunas deixadas pela concentração de serviços de proteção nas áreas urbanas, garantindo que a eliminação da violência contra a mulher seja uma realidade em todos os territórios do país.

A Comissão Semeadoras do Agro da Faesp apoia iniciativas como essa e está ao lado de autoridades que buscam levar justiça às mulheres agredidas por seus companheiros. Violência é algo intolerável. Toda sociedade precisa estar atenta e denunciar. Com carinho,

Juliana Farah, presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)