Inteligência emocional

Inteligência emocional no campo: como a mulher pode equilibrar gestão, família e sucessão rural

A psicóloga Camila Costa fala sobre o papel da inteligência emocional no agro e como ela pode transformar a vida da mulher produtora rural.

A psicóloga Camila Costa fala sobre o papel da inteligência emocional no agro e como ela pode transformar a vida da mulher produtora rural.
arquivo pessoal cedido ao Canal Rural

A inteligência emocional no campo é uma ferramenta essencial para a mulher produtora rural, que precisa lidar com a gestão da propriedade, a pressão por resultados e, muitas vezes, o equilíbrio da rotina familiar. Reconhecer e controlar as emoções, entender o outro e tomar decisões conscientes são passos fundamentais para fortalecer a liderança feminina no agronegócio.

Inteligência emocional no campo: a visão de Camila Costa

Camila Costa é psicóloga, executiva de RH há mais de 20 anos, especialista em gestão de pessoas e negócios e com formação em coaching e análise comportamental. Já ajudou a transformar culturas organizacionais, impulsionar carreiras e guiar executivos rumo a resultados extraordinários. Hoje, como empreendedora, tem como propósito cocriar o futuro do trabalho, unindo experiência do colaborador e performance organizacional.

Além da atuação profissional, Camila também se dedica ao voluntariado como palhaça de hospital, acreditando no poder transformador do riso. Mãe da Giovana e parceira de Rodrigo, ela carrega no currículo e na vida pessoal a prática do olhar humano e acolhedor, valores que também se refletem na sua visão sobre a inteligência emocional no campo.

Para ela, inteligência emocional é “um conjunto de habilidades que ajuda a reconhecer as próprias emoções e as do outro, trazendo autoconsciência, autorregulação, ressignificação e habilidades sociais para lidar melhor com as situações do dia a dia”.

Sucessão familiar e liderança feminina no agro

Um dos pontos mais desafiadores para a mulher produtora rural é a sucessão familiar. Muitas vezes, a responsabilidade de assumir a gestão da fazenda surge de forma inesperada, exigindo preparo emocional e racional para lidar com o momento.

Segundo Camila, é preciso ressignificar esse processo:

“Eu vejo como uma grande oportunidade quando você se depara com um desafio que desconhece. É importante racionalizar a situação, organizar-se administrativamente e entender quem está mais bem preparado para assumir determinada posição.”

Ela destaca ainda que felicidade e satisfação são fatores essenciais para um trabalho produtivo. Por isso, a sucessão deve ser encarada não apenas como um dever, mas como uma escolha consciente.

Como a inteligência emocional ajuda na sucessão familiar

Para que esse processo seja mais assertivo, Camila aponta alguns pilares da inteligência emocional no campo que podem ajudar:

  • Autoconsciência: reconhecer os próprios limites e pontos fortes.
  • Autorregulação: aprender a controlar as emoções diante de decisões importantes.
  • Ressignificação: transformar desafios em oportunidades de crescimento.
  • Habilidades sociais: desenvolver relacionamentos saudáveis e colaborativos.

Esses elementos são fundamentais não apenas para a sucessão, mas também para a gestão de equipes, já que a liderança no campo exige olhar humano e foco na sustentabilidade das relações.

A força do feminino e o futuro da liderança no agro

Ainda hoje, o agronegócio é um setor majoritariamente masculino. No entanto, a presença feminina cresce a cada ano, trazendo um novo perfil de liderança. Camila acredita que o futuro da gestão está diretamente ligado a um olhar mais humanizado e a mulher, naturalmente, tem essa habilidade.

“Continue sendo feminina, continue sendo mulher. Você vai conseguir contribuir muito para uma liderança mais humanizada. Homens e mulheres têm competências diferentes e complementares, que juntas constroem um futuro mais colaborativo”, afirma.

Ela alerta também para o risco de a mulher se “masculinizar” para se encaixar no mercado, inclusive na forma de se vestir ou se posicionar. Isso pode afastar a profissional de sua essência. Para Camila, a inteligência emocional no campo está em reconhecer a força do feminino como diferencial competitivo.

O olhar 360 da mulher no agro

O diferencial feminino no campo não está apenas na gestão técnica, mas também na visão mais ampla e acolhedora sobre o negócio. Muitas mulheres têm se destacado justamente por implementar ações que valorizam as pessoas e as famílias envolvidas na produção.

Esse olhar 360 considera fatores como:

  • Bem-estar dos colaboradores e de suas famílias;
  • Investimento em escolas e moradias no campo;
  • Atenção à qualidade de vida da comunidade rural;
  • Retenção de talentos pelo cuidado e valorização das pessoas.

Ao cuidar do humano por trás da produção, a mulher fortalece o time e gera resultados sustentáveis a longo prazo.

Como desenvolver a inteligência emocional no campo

Para quem nunca teve contato com o tema, Camila sugere começar pelo autoconhecimento. Ler sobre o assunto e buscar psicoterapia são caminhos importantes.

“Os outros pilares da inteligência emocional só são sustentáveis se você se conhecer”, reforça.

Ela também deixa um conselho direto para a mulher do campo:

“Não desista. Continue firme nessa caminhada. Busque o autoconhecimento, construa relações de parceria e não abra mão da sua essência feminina.”

Conclusão

A inteligência emocional no campo é mais do que uma ferramenta de autodesenvolvimento. Ela é uma estratégia para fortalecer a gestão, humanizar as relações e consolidar a presença feminina no agronegócio. Ao unir racionalidade, sensibilidade e liderança, a mulher produtora rural amplia seu protagonismo e contribui para um agro mais sustentável e inclusivo.

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