Quando o assunto é como transformar a fazenda em uma empresa sustentável e atrativa para investidores, Bárbara Seixas fala com propriedade. Engenheira química, apaixonada por viagens, corrida e mãe de um menino de 3 anos, ela encontrou no agronegócio sua verdadeira paixão, após acompanhar o trabalho do marido em uma startup do setor e atuar em uma grande trader.
Atualmente, Bárbara trabalha com investimentos em terras rurais e se considera uma verdadeira protagonista do agro, por levar estratégia, inovação e sustentabilidade para dentro da porteira. Na entrevista, ela compartilha os principais passos que os produtores rurais precisam dar para transformar suas propriedades em negócios sólidos, sustentáveis e, principalmente, atrativos para o mercado de capitais.
Segundo ela, “para que a fazenda se transforme em uma empresa, é necessário profissionalizar processos, ter governança e separar claramente a gestão financeira da família da gestão do negócio”.
Além disso, a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) deixou de ser uma opção e passou a ser uma exigência de mercado, especialmente com a proximidade da obrigatoriedade dos relatórios ESG para empresas listadas na bolsa a partir de 2026.
Profissionalizar a gestão: o primeiro passo para transformar a fazenda em empresa sustentável
Falar em como transformar a fazenda em uma empresa sustentável e atrativa para investidores começa com um ponto-chave: gestão profissional. Deixar a informalidade de lado é fundamental para atrair investidores, acessar crédito com melhores condições e se preparar para um futuro mais exigente e competitivo.
Entre os passos fundamentais, Bárbara destaca:
5 passos para transformar a fazenda em uma empresa sustentável:
- Separação da gestão financeira pessoal e da fazenda – Evita confusão patrimonial e traz clareza sobre a rentabilidade real do negócio.
- Implantação de processos padronizados – Desde compras, controle de estoque, até gestão de pessoas.
- Governança estruturada – Definir papéis, responsabilidades, conselhos e estrutura de tomada de decisão.
- Controle de indicadores financeiros, operacionais e socioambientais – Monitoramento constante dos resultados.
- Planejamento estratégico e sucessório – Visão de longo prazo, sustentabilidade financeira e social.
Além da gestão financeira, a sustentabilidade também precisa estar na essência do negócio.
Bárbara reforça que “hoje, além de gerar valor econômico, o produtor precisa provar que gera valor social e ambiental”.
ESG: chave para acessar investimentos e garantir o futuro da fazenda
Implementar o ESG não é mais uma tendência, é uma exigência de mercado. E esse é um dos pilares mais importantes quando falamos em como transformar a fazenda em uma empresa sustentável e atrativa para investidores.
A partir de 2026, todas as empresas listadas na bolsa — inclusive do agronegócio — deverão apresentar relatórios obrigatórios sobre seus impactos e gestão socioambiental.
O que o produtor rural precisa fazer para se preparar:
- Mapear riscos ambientais, sociais e climáticos;
- Definir prioridades e entender quais riscos são financeiramente materiais;
- Ter uma estratégia clara e uma governança bem definida para gerenciar esses riscos;
- Implementar métricas, dados e metas de evolução em sustentabilidade;
Um erro comum, segundo Bárbara, é quando o produtor encara ESG como um simples checklist.
“Se você não entende por que aquele indicador é relevante, não captura o valor dele. ESG não pode ser só um papel, precisa estar internalizado no negócio”, explica.
Além disso, focar apenas em um dos pilares — como ambiental, por exemplo — e negligenciar o social ou a governança também é um erro que pode comprometer o acesso a financiamentos e mercados mais exigentes.
Investimentos sustentáveis estão de olho no agro brasileiro
O Brasil está no radar dos fundos de investimento internacionais, principalmente após eventos como a COP 30, que colocam o país em evidência no cenário global.
Para receber esse capital, o produtor rural precisa estar preparado, com gestão, dados e governança robusta. Existem hoje várias oportunidades, como:
- Projetos de crédito de carbono;
- Pagamentos por serviços ambientais;
- Linhas de financiamento verdes, com juros mais baixos;
- Fundos de investimento que priorizam negócios com práticas ESG consolidadas;
Porém, sem uma gestão bem estruturada e sem demonstrar evolução constante nos indicadores socioambientais, o produtor perde acesso a esses recursos.
Bárbara finaliza com uma reflexão: “O capital vai chegar, mas só para quem estiver preparado. E quem se preparar agora, sai na frente”.
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