A agricultura 4.0 está transformando a vida no campo, introduzindo tecnologias que ampliam a produtividade e reduzem os impactos ambientais. Com ferramentas como sensores, drones e inteligência artificial, os produtores monitoram suas lavouras em tempo real, diminuem o uso de insumos e otimizam a irrigação.
A agricultura regenerativa, que ganha força nesse cenário, também é fundamental, recuperando o solo e promovendo um ciclo de produção mais sustentável.
Para falar sobre essas mudanças, o programa A Protagonista recebe Alessandra Fajardo, conselheira e líder em sustentabilidade. Com mais de 25 anos de experiência no setor, Alessandra traz uma visão prática e estratégica sobre o uso dessas tecnologias.
Um caminho inusitado até o agro
Alessandra Fajardo nasceu em São Paulo, em uma família urbana, mas sua conexão com o agro veio durante as visitas à fazenda onde sua mãe, espanhola, foi criada. “Desde criança, me encantei com a vida no campo e sabia que queria trabalhar com agronomia ou veterinária”, conta. Essa paixão foi decisiva para a construção de uma carreira sólida no setor, onde a especialista é conhecida por sua determinação e pelo desejo de construir um mundo melhor.
Agricultura 4.0: inovação aliada à sustentabilidade
Para essa mulher a frente do seu tempo, a agricultura 4.0 traz uma oportunidade única. “Inovação e sustentabilidade precisam andar de mãos dadas. A tecnologia ajuda o produtor a otimizar os recursos, aplicando apenas o necessário, o que reduz custos e preserva o ecossistema”, explica.
O uso de drones e satélites, por exemplo, permite identificar a quantidade exata de fertilizantes e agroquímicos que uma área precisa, evitando o desperdício e preservando a biodiversidade ao redor das plantações.
Ela destaca que essas tecnologias estão se tornando cada vez mais acessíveis. “O impacto do uso de drones, por exemplo, já beneficia pequenos produtores, que podem fazer aplicações sem exposição direta, melhorando a segurança e eficiência”, afirma Alessandra.
Viabilidade e custo das novas tecnologias
Apesar do avanço das tecnologias, muitos produtores ainda têm receio dos custos envolvidos. Mas, segundo a especialista, a situação está mudando. Ela cita as cooperativas como exemplo de entidades que têm facilitado o acesso dos produtores às inovações, tornando-as financeiramente viáveis. “A popularização dessas tecnologias e o suporte de cooperativas têm reduzido os custos, permitindo que pequenos e médios produtores também se beneficiem delas”, explica.
Outro ponto que Alessandra defende é a necessidade de financiamento adequado para impulsionar a adoção dessas inovações. Ela menciona os “três Fs”: Food, Forest, and Finance (Alimento, Floresta e Financiamento), destacando que a produção de alimentos deve ser realizada com a floresta em pé e apoiada por financiamento verde, promovendo a perenidade e sustentabilidade no campo.
Inteligência artificial no campo: o futuro já chegou
A inteligência artificial (IA) é uma ferramenta poderosa e acessível, que já faz parte do cotidiano dos produtores. Alessandra observa que, muitas vezes, os agricultores nem percebem o impacto da IA, mas já usam a tecnologia em seus celulares para monitorar e tomar decisões sobre a lavoura. “Com a IA, o produtor tem dados em tempo real sobre sua propriedade, podendo decidir, por exemplo, se deve irrigar, colher ou trocar o pasto, tudo com base em informações precisas”, explica.
Essa tecnologia traz maior profissionalização ao campo, permitindo decisões rápidas e baseadas em dados concretos, o que facilita a gestão e permite que os produtores aproveitem ao máximo o potencial de suas propriedades.
Paixão pela agricultura regenerativa
Antes de finalizar, Alessandra compartilha o entusiasmo que sente ao falar sobre agricultura regenerativa, um modelo que promove a saúde do solo e a biodiversidade. “Meu sonho é ver o Brasil liderando o mundo em agricultura regenerativa”, diz Alessandra, otimista de que esse modelo se tornará predominante no país. “Hoje, já temos cerca de 80% das áreas com plantio direto. Quem sabe, daqui a uma década, possamos alcançar um número semelhante na agricultura regenerativa.”
A mensagem que ela deixa é de entusiasmo e motivação para que todos no agro busquem inovação e sustentabilidade. “Tudo o que fazemos com paixão e determinação nos leva mais longe. Espero ver o Brasil liderando com um agro mais regenerativo e sustentável.”