O bem-estar animal tornou-se prioridade no agronegócio, impulsionado pela crescente conscientização dos consumidores sobre práticas éticas e sustentáveis na produção de alimentos. Empresas estão adotando certificações, como a FairFood, para garantir que seus produtos atendam a critérios humanitários e ambientais. Esse movimento também está alinhado aos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança), promovendo uma governança corporativa mais forte e cadeias de suprimentos responsáveis.
Quem é Flávia Fontes e seu papel como protagonista no agro
Flávia Adriana Pereira Vieira Fontes nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, e desde cedo demonstrou um forte vínculo com o campo, motivado pelas férias passadas na fazenda do avô. Formada em Medicina Veterinária, com mestrado em Zootecnia e doutorado em Ciência Animal, Flávia é CEO da Fair Food e conduz, com pioneirismo, um programa de consumo consciente inédito no Brasil. Para ela, além de atender a todos os elos da cadeia produtiva, o foco principal da Fair Food está nas demandas dos consumidores por transparência e sustentabilidade em produtos de origem animal.
A trajetória e o surgimento da FairFood
Para a especialista, o interesse pelo agro surgiu ainda na infância, ao lado do avô, pequeno produtor de leite e carne em Ouro Branco, Minas Gerais. Flávia relata como as experiências nas fazendas moldaram seu compromisso com o setor.
A história da FairFood começou há mais de 20 anos com a criação da revista “Leite Integral”, focada em produtores de leite, e o movimento “Beba Mais Leite”, ambos incentivando o consumo consciente de lácteos. Em 2015, a FairFood expandiu sua atuação para o leite A2, certificado para não conter caseína A1, tornando-o mais fácil de digerir e promovendo a retomada do consumo de leite para pessoas com restrições.
Como a FairFood se expandiu para outras certificações e setores
Com o tempo, a FairFood se consolidou como uma das principais certificadoras no mercado de leite A2 no Brasil, com mais de 20 marcas e 100 produtos certificados, como leites, iogurtes e queijos. Flávia explica que a expansão veio de uma demanda crescente dos consumidores por alimentos de origem confiável e sustentáveis. Hoje, o movimento certifica também cadeias produtivas de carne suína e bovina de corte, atendendo às exigências da agenda ASG e promovendo práticas de bem-estar animal e sustentabilidade em toda a cadeia.
Principais desafios para os produtores que buscam certificação Fair Food
O movimento FairFood exige dos produtores adequação às demandas dos consumidores. Segundo Flávia, o bem-estar animal é a principal prioridade. Implementar essas práticas, contudo, demanda investimento. Ela observa que, enquanto a maioria dos ajustes ocorre nos processos de manejo, algumas práticas demandam investimentos maiores, como a adaptação de instalações para criação sem gaiolas na suinocultura e na avicultura. Flávia aponta que o principal desafio para os produtores é encontrar fontes de financiamento que apoiem essas mudanças, seja por meio de subsídios do governo, seja de incentivos oferecidos pela indústria alimentícia.
O amor como motivação para o avanço do setor agropecuário
Ao final, Flávia escolhe uma palavra para simbolizar seu trabalho: amor. Para ela, o amor pelo setor rural e pelo planeta impulsiona a transformação do bem-estar animal e a sustentabilidade. “O meio rural é movido por isso. As vacas têm nomes; há um carinho e respeito enorme na forma como são tratadas. Esse amor pelo planeta e pelo trabalho é o verdadeiro poder transformador que trará sustentabilidade para o nosso setor”, conclui Flávia.