CUIDANDO DO PARCEIRA DE LIDA

Como prevenir e tratar feridas em cavalos para evitar grandes prejuízos

Camila de Senna, veterinária especialista em equinos, compartilha dicas essenciais para o manejo adequado de feridas.

Como prevenir e tratar feridas em cavalos para evitar grandes prejuízos

Feridas em cavalos são problemas comuns no manejo rural e podem causar grandes prejuízos se não forem tratadas adequadamente. A má cicatrização pode abrir portas para infecções, fungos e parasitas, comprometendo a saúde e o valor comercial desses animais tão importantes para o trabalho no campo. Entender como prevenir e cuidar das lesões é fundamental para garantir o bem-estar dos cavalos e evitar gastos desnecessários com tratamentos.

Os machucados podem surgir de diversas maneiras, desde pisões acidentais até cortes em cercas e arames farpados. Mas o que muitos produtores não sabem é que a demora no tratamento pode piorar a situação, levando a complicações mais graves. Além disso, as infecções que atingem essas lesões podem provocar doenças como a dermatite, prejudicando ainda mais o animal.

Camila de Senna, médica veterinária e gerente comercial na Ceva produtos animais, explica que o cuidado imediato com feridas, aliado a um protocolo de vermifugação eficiente, pode minimizar os impactos dessas lesões. “É essencial que o produtor rural esteja atento desde o início. Pequenos cortes, quando ignorados, podem virar grandes problemas”, destaca.

Principais causas de feridas em cavalos

Cavalos de lida, frequentemente usados para o trabalho em fazendas, estão mais expostos a lesões devido ao ambiente e às atividades que realizam. Segundo a médica veterinária, esses animais podem se machucar durante o manejo diário, seja ao se alcançarem com os cascos ou se cortarem em cercas. “Essas feridas abertas são uma porta de entrada para agentes infecciosos como bactérias, fungos e parasitas, que podem agravar a situação”, alerta.

Uma das principais doenças que afetam cavalos em função de feridas mal tratadas é a pitiose, uma infecção causada por fungos presente em ambientes úmidos e que exige tratamento com antifúngicos e cicatrizantes. “Muitas vezes, o produtor não percebe a gravidade do problema até que a infecção já esteja instalada, tornando o tratamento mais longo e custoso”, explica.

Além da pitiose, outro problema comum é a chamada “ferida de verão”, causada por parasitas. Esse tipo de lesão é transmitido pelas moscas, que depositam ovos nas feridas dos cavalos, agravando a infecção. Camila enfatiza que a prevenção é sempre o melhor remédio.

Como evitar o agravamento das feridas

A veterinária recomenda que os produtores redobrem os cuidados com os cavalos durante os meses mais quentes e chuvosos, que favorecem o ciclo de vida dos parasitas e vetores como as moscas. “A ferida de verão, como o próprio nome diz, é mais frequente no verão e em períodos chuvosos, devido à maior quantidade de moscas”, explica.

Para evitar o agravamento, é importante adotar um manejo rigoroso no controle de vetores, com limpeza constante das baias e eliminação de resíduos. O uso de vermífugos também é fundamental para diminuir a presença de parasitas que se aproveitam das feridas para se desenvolver. “Com um protocolo adequado de vermifugação, aliado a medidas de higiene, é possível reduzir significativamente a incidência de doenças como a habronemose, que provoca a ferida de verão”, orienta Camila.

Outro ponto importante é a observação frequente dos animais. Cavalos com comportamento inquieto ou coceira excessiva podem estar sofrendo com parasitas. A identificação precoce permite iniciar o tratamento rapidamente, evitando complicações maiores.

Tratamentos e cuidados essenciais

O tratamento adequado das feridas em cavalos envolve o uso de produtos específicos, como cicatrizantes, repelentes e antibióticos, dependendo da gravidade da lesão. A especialista destaca a importância de contar com a orientação de um veterinário para determinar o melhor protocolo de tratamento. “O uso indiscriminado de medicamentos pode ser prejudicial. É sempre importante seguir a recomendação de um profissional”, afirma.

Além disso, ela sugere que os produtores incluam em seus cuidados o uso de cicatrizantes e imunoterápicos para acelerar o processo de recuperação dos animais. “Hoje, temos no mercado diversos produtos que ajudam não só a cicatrizar as feridas, mas também a prevenir novas infecções”, comenta.

A veterinária também reforça que, em casos mais graves, pode ser necessário o uso de antibióticos para controlar infecções bacterianas, além de antifúngicos quando houver infecções por fungos. Ela ainda alerta sobre a importância de manter as baias e o ambiente onde os cavalos vivem sempre limpos e secos, o que ajuda a evitar a proliferação de parasitas e moscas.

Prevenção e bem-estar: o segredo para cavalos saudáveis

Cuidar dos cavalos de maneira preventiva é o melhor caminho para evitar gastos elevados com tratamentos e garantir o bem-estar dos animais. Camila Sena enfatiza que o amor e a dedicação no manejo são essenciais para criar um ambiente mais seguro e saudável. “Quando você cuida com amor e atenção, não apenas do animal, mas também do ambiente onde ele vive, você reduz as chances de problemas como feridas e infecções”, conclui.

A atenção diária e o uso de tecnologias e produtos modernos são aliados importantes na busca por uma criação de cavalos mais saudável e produtiva. E, como Camila bem lembra, prevenir é sempre melhor do que remediar.