A soja, uma das principais commodities do Brasil, tem grande impacto na economia nacional e na geração de empregos. Cultivada inicialmente no Rio Grande do Sul, sua produção comercial tomou força com a Revolução Verde, e, na década de 1970, alcançou o cerrado maranhense. Municípios como Balsas e Tasso Fragoso se destacaram como líderes na produção de soja, transformando a paisagem agrícola da região.
Mas produzir soja no cerrado maranhense não é uma tarefa fácil. Entre desafios logísticos, sociais e ambientais, os agricultores enfrentam uma série de obstáculos. Para entender melhor essa realidade, conversamos com Sandra Kellin, produtora rural e cofundadora da Fazenda Temer, uma referência em sustentabilidade no Maranhão.
Uma história de superação e inovação
Sandra Kellin nasceu em Lajeado, no Rio Grande do Sul, e há 25 anos se mudou para o Maranhão ao lado de seu marido, um agrônomo apaixonado pelo campo. “Os desafios foram muitos”, comenta. “Deixar nossa família no Sul e enfrentar uma nova realidade foi uma decisão difícil, mas acreditamos no potencial da região”, explica Sandra, que administra a Fazenda Temer.
A fazenda, localizada na Serra do Penitente, é referência nacional em práticas conservacionistas. Sob a liderança de Sandra, a propriedade adota rigorosos padrões de sustentabilidade, como o plantio direto e o manejo adequado do solo. “Quando chegamos aqui, era tudo cerrado. Hoje, nossa fazenda é um exemplo de produção agrícola com responsabilidade ambiental”, afirma.
Soja sustentável no Maranhão
A produção sustentável de soja na Fazenda Temer é uma verdadeira conquista. “Hoje, nossa lavoura retém mais carbono do que o cerrado nativo”, destaca Sandra, com orgulho. A preservação da biodiversidade e a adoção de práticas agrícolas que conservam o solo são prioridades para o casal. “Já recebemos dois selos de conservação, e estamos em processo de certificação”, conta.
Esse foco na sustentabilidade é o resultado de anos de trabalho e dedicação. Sandra explica que o manejo adequado do solo, aliado ao uso de tecnologias agrícolas, foi essencial para o sucesso da produção. “Encontrar minhocas em nossa lavoura é motivo de orgulho, pois é sinal de que estamos no caminho certo”, destaca a produtora.
Impacto na comunidade local
Além de promover uma produção agrícola sustentável, a Fazenda Temer também contribui para o desenvolvimento das comunidades no entorno. “Sabemos que o Maranhão tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo, então, ajudamos as famílias da região como podemos”, afirma Sandra. A fazenda colabora com a oferta de produtos, assistência médica e apoio à educação. “Por mais de 15 anos, financiamos uma professora para ensinar as crianças da comunidade a ler e escrever”, revela.
Essa atuação social reflete o compromisso da Fazenda Temer em promover o bem-estar e o desenvolvimento das famílias locais. “O Maranhão ainda é um estado predominantemente agrícola, e o agro tem o poder de mudar a realidade dessas pessoas”, completa Sandra.
Desafios e expectativas para o futuro
Sandra enfatiza que, apesar dos avanços, os desafios ainda são grandes. “A logística no Maranhão continua sendo um problema. Temos dificuldades para escoar a produção, o que impacta diretamente nossos custos”, explica. No entanto, ela permanece otimista. “O agro já mudou muito a história do estado, e acredito que o futuro é promissor.”
Para Sandra, o maior desafio de quem investe no Maranhão é a resiliência. “Mudar para um estado menos desenvolvido exige coragem e paciência, mas a recompensa é enorme”, conclui.
A trajetória de Sandra Kellin e sua fazenda no cerrado maranhense ilustra os desafios e as conquistas da produção de soja na região. Com foco na sustentabilidade e no impacto positivo nas comunidades locais, a Fazenda Temer se destaca como um exemplo de que é possível aliar produção agrícola de alta eficiência com práticas que respeitam o meio ambiente. A resiliência e a visão de Sandra e seu marido mostram que, com determinação, é possível superar os obstáculos e transformar o cenário do agronegócio no Brasil.